Exportações de café do Paraná têm melhor 1º semestre dos últimos 12 anos
- 07/08/2024
As exportações de café do Paraná renderam US$ 195,7 milhões
para a cadeia produtiva envolvida no Estado ao longo do 1º semestre de 2024,
cerca de 26,7% a mais do que o mesmo período do ano passado, quando as vendas
para o mercado externo somaram US$ 154,5 milhões. O resultado de janeiro a
junho também configura o melhor desempenho dos últimos doze anos do produto
paranaense nos mercados internacionais.
Os dados integram uma análise do Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) feita a partir de dados
disponibilizados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O bom resultado comercial do Paraná foi puxado
principalmente pelo café solúvel. Ele foi responsável por US$ 149,7 milhões em
vendas, o equivalente a 76,5% das receitas de exportação no 1º semestre de
2024, o que também representou o quarto ano seguido de aumento nas receitas
desta modalidade do produto, passando de US$ 125 milhões em 2021 para U$ 139
milhões em 2022 e US$ 144 milhões em 2023 até chegar ao atual patamar.
O processo de transformação dos grãos de café verde em café
solúvel é feito em fábricas e envolve a seleção, torra, moagem, extração,
concentração, diferentes técnicas de secagem e a embalagem do produto em
frascos, sachês ou lates prontos para distribuição.
Além de atender a demanda de um perfil diferente de
consumidor, a produção de café solúvel traz benefícios econômicos para a cadeia
produtiva ao transformar o produto primário em um bem de consumo com maior
valor agregado, aumentando a margem de lucro dos produtores.
Devido às características decorrentes da industrialização, o
café solúvel permite a exportação para mercados mais distantes, onde a
logística de transporte de café fresco seria inviável, o que contribui para a
diversificação das exportações. Enquanto o café em grão produzido no Paraná é
exportado para 30 países, o café solúvel já alcança 73 destinos internacionais.
A Alemanha representa o maior mercado consumidor do café em
grão paranaense, respondendo por US$ 13,3 milhões em compras entre janeiro e
junho deste ano, à frente dos Países Baixos, com US$ 9 milhões, e Estados Unidos,
com US$ 4,8 milhões. No caso do café solúvel, os EUA são os principais
compradores, com US$ 30,3 milhões, seguido pela Polônia (US$ 13,9 milhões) e a
Rússia (US$ 11,3 milhões).
Segundo o secretário estadual da Agricultura e do
Abastecimento, Natalino Avance de Souza, o Paraná tem um histórico que lhe
garante importância no mundo do café e a valorização do produto serve de
estímulo para a continuidade dessa cultura. "Mesmo que a produção tenha se
reduzido em relação ao início da década de 60, temos atualmente um produto de
valor agregado muito alto, produzido principalmente em pequenas propriedades,
enaltecido pela atuação forte das mulheres nessa cultura e com destaque no
mercado nacional e internacional", afirmou.
VALOR AGREGADO – O aumento do valor do café a partir da
industrialização também pode ser notado no comparativo do preço em relação ao
peso. O Paraná exportou 12.479 toneladas de café em grão por US$ 46 milhões,
com uma receita de US$ 3.689 por tonelada. No mesmo período, 16.349 toneladas
de café solúvel foram vendidas ao exterior por US$ 149,7 milhões, ou cerca de
US$ 9.153 por tonelada, 150% acima do produto in natura.
APOIO ESTADUAL – Por meio da Câmara Setorial do Café do
Paraná, que funciona como um fórum de representação dos agentes econômicos da
atividade cafeeira, o Governo do Estado está promovendo o Concurso Café
Qualidade Paraná, que chega à sua 22ª edição em 2024 visando a melhoria
constante do produto colhido no Estado.
Além do concurso, o Estado também apoia iniciativas voltadas
ao turismo rural como uma forma de renda alternativa aos produtores e presta
assistência técnica através do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná
(IDR-Paraná), especialmente dentro da iniciativa “Mulheres do Café”. O projeto
não se restringe à produção, envolvendo também a agregação de valor na venda
direta da produção ao público para aumento da renda das produtoras.
PRODUÇÃO – A estimativa mais recente do Departamento de
Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do
Abastecimento aponta para uma produção de 675 mil sacas de café (40,5 mil
toneladas) em uma área de 25,3 mil hectares até o fim de 2024 no Paraná.
Segundo o Deral, a safra deste ano foi marcada por florações uniformes, o que
facilita a colheita, e pelo aumento dos preços, o que compensa parte da redução
de produtividade devido ao tempo mais seco e indica uma possível manutenção da
área destinada à cultura na próxima safra.
A região do Norte Pioneiro é atualmente a maior produtora do
Estado. É de lá inclusive o café que possui o selo de Indicação Geográfica, um
reconhecimento dado a produtos que possuem uma qualidade, reputação ou
características distintas que são essencialmente atribuídas a sua origem
geográfica. Apenas o município de Carlópolis representa 22% da produção
estadual, de acordo com o Valor Bruto de Produção (VBP) de 2023.
AEN | Foto: José Fernando Ogura/Arquivo AEN
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