Atos na Venezuela têm 749 presos, sete mortos e 48 policias feridos
- 31/07/2024
O Ministério Público (MP) da Venezuela afirmou nesta
terça-feira (30) que sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), estátuas e
outras instituições públicas, como prefeituras e sedes do PSUV (partido do
governo), foram atacadas e vandalizadas por grupos insatisfeitos com o
resultado eleitoral que deu vitória ao presidente Nicolás Maduro.
Dados do MP mostram que os confrontos teriam causado a morte
de um membro da Guarda Armada Nacional Bolivariana, no Estado Aragua, e ferido
outros 48 membros das forças de segurança, resultando na prisão de 749 pessoas.
Enquanto a Organização Não Governamental (ONG) venezuelana Foro Penal calcula
que seis manifestantes foram mortos desde a última segunda-feira (29).
O chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek William
Saab, qualificou parte desses atos como terrorismo. "Na Venezuela não há
protestos. Há focos de pessoas delitivas, armadas, para agredir e criar um caos
para que escale [a violência] à nível nacional para que haja uma intervenção
estrangeira", afirmou.
Por outro lado, o Alto Comissário das Nações Unidas (ONU)
para os Direitos Humanos, Volker Türk, manifestou preocupação com as detenções
e disse que manifestações estão ocorrendo em pelo menos 17 dos 24 estados da
Venezuela.
"Centenas de pessoas foram presas, incluindo crianças.
Isso me incomoda profundamente. Estou alarmado com relatos de uso
desproporcional de força por agentes da lei, juntamente com violência por
indivíduos armados apoiando o governo, conhecidos como coletivos. Vários
manifestantes foram feridos por armas de fogo, com uma morte confirmada em 29
de julho", disse o representante da ONU, em nota.
O chefe do MP venezuelano, Tarek Saab, fez uma declaração à
imprensa e mostrou dez vídeos, entre eles, um com encapuzados incendiando um
prédio e criticando a eleição, outro com pessoas agredindo um membro de forças
de segurança e outro com um grupo espancamento a um suposto apoiador de Maduro.
"Estamos pré-qualificando vários destes detidos para
crimes como instigação pública, obstrução de vias públicas, instigação ao ódio,
que é severamente punido neste país, resistência à autoridade e, nos casos mais
graves, terrorismo. E todos estão obviamente sendo condenados à privação de
liberdade", destacou.
Entre os atos, foram derrubadas uma estátua do ex-presidente
Hugo Chávez, no estado Carabobo, e uma do indígena Coromoto, no estado de
Portuguesa, ícone religioso.
O fiscal-geral do MP venezuelano disse que há muitos
adolescentes nos atos e associou esses incidentes dos últimos dias aos
protestos de 2014 e 2017, conhecidos como guarimbas, que foram atos convocados
pela oposição e resultaram em dezenas de mortes, entre manifestantes,
simpatizantes chavistas, membros das forças de segurança e transeuntes não diretamente
envolvidos nos atos.
Impasse
O governo de Nicolás Maduro acusa parte da oposição e países
de incitarem um suposto golpe de Estado na Venezuela contra o resultado
eleitoral. Por outro lado, parte da oposição, alguns países e organismos como
OEA [Organização dos Estados Americanos] questionam a lisura do pleito e pedem
a publicação das atas que permitem que os votos sejam auditados.
Os votos computados nas urnas eletrônicas da Venezuela devem
ser enviados por sistema próprio - sem conexão com a internet - para uma
central que totaliza todos os votos. Ao mesmo tempo, é impressa uma ata no
local da votação e são distribuídas cópias para todos os fiscais.
Posteriormente, é feita uma verificação, por amostragem,
para saber se os votos enviados pela urna eletrônica são os mesmos entregues aos
fiscais. Há ainda a possibilidade de auditar as urnas com os votos impressos.
Isso porque na Venezuela, além do voto eletrônico, há o voto em papel.
Porém, o CNE ainda não divulgou as atas que comprovam o
resultado anunciado, que deu vitória a Maduro com 51,21% dos votos, contra 44%
para Edmundo González e 4,6% para os outros oito candidatos.
Agência Brasil | Foto: Foto: Reprodução X/@TarekWiliamSaab
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