Câmara aprova urgência de texto sobre impostos da reforma tributária
- 10/07/2024
Por 322 votos favoráveis e 137 contrários, a Câmara dos
Deputados aprovou nesta terça-feira (9) o requerimento de urgência para a
votação do Projeto de Lei Complementar de Regulamentação da Reforma Tributária
(PLP 68/24). O relatório final foi apresentado na semana passada pelo grupo de
trabalho composto por deputados federais para analisar o texto proposto pelo governo
federal ainda em abril.
Com a aprovação da urgência, o projeto vai direto para a
votação em plenário, já pautado para a sessão plenária desta quarta-feira
(10).
Pela proposta, a alíquota média de referência da nova
tributação, que é a soma do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) de estados e
municípios e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) federal, será 26,5%.
Vários setores, porém, terão descontos na alíquota referencial ou isenção total,
como é o caso da cesta básica.
Os novos tributos vão substituir o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição
para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS). Após a
aprovação, a nova legislação entrará em vigor em etapas: parte em 2025, depois
2027, 2029 e 2033, quando o novo sistema tributário entrará totalmente em
vigor. O processo de aprovação da reforma tributária começou no ano passado,
quando o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional 132 , que
estabeleceu o novo sistema de tributação, em uma discussão que levou mais de
três décadas para avançar no país.
"Esta Câmara vai viver amanhã [10] um momento alto de
um intenso debate e vamos oferecer ao país uma proposta que é centrada na
transparência, no fim da guerra fiscal, na questão da unificação dos tributos e
isenção total daqueles produtos que compõem a cesta básica brasileira",
afirmou o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), ao
encaminhar votação favorável à urgência. Segundo o deputado, por unanimidade,
os líderes partidários decidiram, mais cedo, em reunião na Residência Oficial
da Presidência da Câmara, votar a urgência hoje e o mérito do texto amanhã.
Críticos ao regime de urgência, parlamentares da oposição
encaminharam voto contrário ao avanço do texto. "A gente está falando de
uma reforma tributária que, por exemplo, temos projetos de lei complementares
anteriores ao do governo, que foram apresentados antes e nem foram sequer
discutidos, sequer apensados. Estamos falando de uma reforma que tem 511
artigos, 356 páginas e que foi apresentado na sexta-feira [5], mas só de um
lado. O que a gente tem medo? De estar criando um ‘Frankenstein’, incluindo
aumento de carga tributária", argumentou a deputada federal Adriana
Ventura (Novo-SP).
Um dos principais articuladores da proposta, o presidente da
Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu o processo de discussão do
projeto. "Foram mais de 220 horas de audiências cronometradas, foram 300
entidades recebidas, mais de mil pessoas. O plenário pode ter pensamento
ideológico para um lado, pensamento ideológico para o outro, mas acusar essa
Casa, num tema como esse, dizer que faltou debate, faltou oportunidade, não é
correto".
Regras
Com 335 página e 511 artigos, o texto que regulamenta os
novos impostos manteve as regras para a devolução do imposto para as pessoas
mais pobres, o chamado cashback, para água, esgoto e energia. Pelo texto, o IBS
e o CBS serão devolvidos às pessoas integrantes de famílias de baixa renda
inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
(CadÚnico), com renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo.
Pela proposta, o cashback será de 100% para a CBS e de 20%
para o IBS, na aquisição do botijão de 13kg de gás liquefeito de petróleo
(GLP); 50% para a CBS e 20% para o IBS, nas operações de fornecimento de
energia elétrica, água, esgoto e gás natural; de 20% para a CBS e para o IBS,
nos demais casos. O texto também abre a possibilidade de que a União, os
estados, o Distrito Federal e os municípios aumentem os descontos previstos na
lei.
O texto prevê ainda a incidência do split payment, mecanismo
no qual o valor pago do IBC e CBS por um comprador é automaticamente dividido
entre o vendedor e as autoridades fiscais no momento da transação. Segundo os
deputados, o mecanismo ruduz a possibilidade de sonegação fiscal e melhora a
eficiência da arrecadação tributária.
A reforma cria ainda uma nova categoria, a do nano
empreendedor, que não terá cobrança de imposto. Segundo o texto, a categoria do
nano empreendedor será aplicada às pessoas com 50% do limite de faturamento
anual do microempreendedor individual (MEI), que atualmente é de R$ 81 mil.
EBC | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputado
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