Lira anuncia comissão para debater PL do Aborto no segundo semestre
- 19/06/2024
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL),
informou nesta terça-feira (18) que irá criar uma comissão para debater o
projeto de lei que equipara o aborto, após a 22ª semana de gestação, a
homicídio. Segundo Lira, a comissão terá representantes de todos os partidos.
Lira anunciou ainda que a proposta será debatida no segundo
semestre depois do recesso parlamentar.
“Reafirmar a importância do amplo debate. Isso é fundamental
para exaurir todas as discussões, para se chegar a um termo que crie, para
todos, segurança jurídica, humana, moral e científica sobre qualquer projeto
que possa a vir a ser debatido na Câmara", disse. "Nunca fugiremos a
essa responsabilidade de fazer o debate e fazê-lo com exatidão e nunca faltar
com espírito aberto e democrático para que a sociedade participe”, afirmou,
segundo a Agência Câmara.
O adiamento do debate ocorre após críticas ao teor do
projeto - entre elas, por equiparar o aborto a homicídio e impor uma pena maior
a mulher que faz o procedimento em comparação a de um estuprador - e pelos
deputados federais terem aprovado regime de urgência para a proposta, o que
significa votar diretamente no plenário sem passar por discussões nas comissões
da Casa.
De acordo com o presidente da Câmara, a pauta e as decisões
da Casa não são tomadas de forma monocrática, mas dentro do colegiado.
Em entrevista à imprensa, acompanhado de líderes partidários
e representantes de bancadas, Lira garantiu que o texto a ser aprovado na
Câmara não terá retrocessos ou causará danos aos direitos das mulheres.
“Quero reafirmar que nada nesse projeto retroagirá nos
direitos já garantidos e nada irá avançar para trazer qualquer dano às
mulheres”, disse.
Pelo projeto, o aborto, depois de 22 semanas de gravidez,
será considerado crime de homicídio em qualquer situação, mesmo em caso de
estupro. Atualmente, a legislação permite o procedimento nos casos em que a
mulher foi vítima de estupro, a gestação traz risco para vida da mãe ou
anencefalia do feto.
Entenda o projeto de lei
O Projeto de Lei 1904/24 equipara o aborto acima de 22
semanas de gestação ao homicídio, aumentando de dez para 20 anos a pena máxima para
quem fizer o procedimento.
O texto fixa em 22 semanas de gestação o prazo máximo para
abortos legais. Hoje em dia, a lei permite o aborto nos casos de estupro, de
risco de vida à mulher e de anencefalia fetal (quando não há formação do
cérebro do feto). Atualmente, não há no Código Penal um tempo máximo de
gestação para o aborto legal.
Na legislação atual, o aborto é punido com penas que variam
de um a três anos de prisão, quando provocado pela gestante; de um a quatro
anos, quando médico ou outra pessoa provoque um aborto com o consentimento da
gestante; e de três a dez anos, para quem provocar o aborto sem o aval da
mulher.
Se o projeto de lei for aprovado, a pena para as mulheres
vítimas de estupro será maior do que a dos estupradores, já que a punição para
o crime de estupro é de dez anos de prisão, e as mulheres que abortarem, conforme
o projeto, podem ser condenadas a até 20 anos de prisão.
EBC | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil/ARQUIVO
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