Senado aprova taxação de compras internacionais de até US$ 50
- 06/06/2024
O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (4) o
projeto de lei 914/24, que institui o Programa Mobilidade Verde e Inovação
(Mover). O texto traz incentivos financeiros e redução do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) para estimular a pesquisa, o desenvolvimento e
a produção de veículos com menor emissão de gases do efeito estufa.
O projeto foi aprovado com uma emenda que prevê taxação de
produtos importados até US$ 50, que foi incluída na Câmara dos Deputados, para
onde o texto voltará para ser analisado novamente, após mudanças no
conteúdo. A mudança abrange grandes
empresas varejistas internacionais que vendem pela internet, como Shopee,
AliExpress e Shein.
A emenda que prevê a taxa sobre as importações havia sido
retirada do projeto pelo relator da
proposta no Senado, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), argumentando tratar-se de tema
"estranho" ao conteúdo principal do projeto de lei. No entanto, os
senadores votaram pela manutenção da taxação no projeto de lei.
Foram excluídos do texto outros conteúdos estranhos ao tema
inicial que haviam sido incluídos pela Câmara. Um deles é o que incluía na lei
a exigência de uso de conteúdo local na exploração e escoamento de petróleo e
gás. Outro trecho excluído pelo relator tratava de incentivos para a produção
nacional de bicicletas.
Taxação
Pela legislação atual, produtos importados abaixo de US$ 50
(cerca de R$ 255) são isentos de imposto de importação. O relator do projeto na
Câmara, deputado Átila Lira (PP-PI), incluiu a taxação de 20% de imposto sobre
essas compras internacionais.
Compras dentro desse limite são muito comuns em sites de
varejistas estrangeiros, notadamente do sudeste Asiático, como Shopee,
AliExpress e Shein. Os varejistas brasileiros pedem a taxação dessas compras,
afirmando que, sem o tributo, a concorrência fica desleal.
Programa Mover
O programa incentiva a descarbonização da indústria de
veículos, inclui limites mínimos de reciclagem na fabricação e cobra menos
imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde.
Para que tenham acesso aos incentivos, as empresas devem ter
projetos aprovados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e
Serviços (MDIC) e aplicar percentuais mínimos da receita bruta com bens e
serviços automotivos na pesquisa e no desenvolvimento de soluções alinhadas à
descarbonização e à incorporação de tecnologias assistivas nos veículos (que
tenham como objetivo facilitar o uso para pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida).
A redução do IPI e habilitação dos projetos das indústrias e
montadoras do setor para acessar os incentivos financeiros já foram
regulamentados em um decreto presidencial e em uma portaria do MDIC. Os
incentivos, segundo o governo, estão orçados em R$ 3,5 bilhões para 2024 e
somam R$ 19,3 bilhões em cinco anos. A expectativa é de que o Brasil possa
passar a produzir, por exemplo, os componentes de veículos elétricos, que
atualmente são importados.
EBC/Agência Senado |Foto:
Lula Marques/ Agência Brasil
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