Chanceler argentina nega interferência na questão entre Brasil e o X
- 16/04/2024
Na primeira visita oficial ao Brasil, realizada nesta
segunda-feira (15), a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana
Mondino, negou que o governo argentino possa interferir, de alguma forma, na
disputa entre o megaempresário Elon Musk, dono da plataforma X, antigo Twitter,
e o Judiciário brasileiro.
“Os temas internos e condições de cada país são próprios de
cada país. O governo argentino jamais vai intervir, ou interferir, nos
processos democráticos ou nos processos policiais de cada país. Confiamos na
Justiça de cada país” afirmou a chanceler, acrescentando que defende a
liberdade de expressão “em todos os sentidos”.
A fala da chanceler da Argentina ocorreu após reunião com o
ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no Itamaraty, em Brasília.
A afirmação de Diana Mondino contraria o informe publicado
na última sexta-feira (12) por Manuel Adorni, porta-voz do presidente
argentino, Javier Milei. De acordo com Adorni, Milei “ofereceu colaboração no
conflito que mantém a rede social X no Brasil no marco do conflito judicial e
político desse país”.
Milei esteve com Musk nos Estados Unidos para visitar a
Tesla, fábrica de carros elétricos controlada pelo multibilionário.
Desde o último dia 6 de abril, Elon Musk ataca o Judiciário
brasileiro, acusando-o de censurar a rede social que controla e ameaçando não
cumprir decisões para suspensão de contas acusadas de incitação a ruptura da
ordem democrática brasileira, o que é crime de acordo com a Lei 14.197 de 2021.
No último dia 9 de abril, a chanceler da Argentina afirmou
que o país dará refúgio para quem for “perseguido” por defender a liberdade de
expressão.
Segundo notícias veiculadas na Reuters, a rede social X tem
excluído conteúdos na Turquia, na Índia e nos Estados Unidos. Em nenhum desses
casos, Musk tem acusado os países de censura.
Em resposta aos ataques de Musk, o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, incluiu o empresário no inquérito
que investiga a atuação de milícias digitais no Brasil. As investigações apuram
a suposta tentativa de golpe de Estado que culminou no 8 de janeiro, quando
apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos Poderes, em
Brasília.
Relações bilaterais
Na primeira visita oficial de Diana Mondino ao Brasil, foram
discutidos temas como a infraestrutura física fronteiriça, a cooperação em
energia e defesa, a melhoria da Hidrovia Paraguai-Paraná, e o fortalecimento do
Mercosul e dos processos de integração regional, segundo informou o MRE.
“O Brasil e a Argentina têm uma aliança estratégica forjada
ao longo das últimas décadas. Nossos governos estão comprometidos em seguir
trabalhando para ampliar e aprofundar essa relação”, informou à imprensa o
chefe do Itamaraty, Mauro Vieira, após o encontro.
O chanceler brasileiro afirmou que foram discutidos os
projetos para modernização das pontes entre os dois países, como a Ponte São
Borja-São Tome, e para construção do gasoduto desde Vaca Muerta, na Argentina,
até o Brasil, para o transporte de gás natural.
“Além de intercambiar percepções sobre perspectivas gerais
das relações bilaterais, examinamos, numa conversa privada, os processos de
integração regional em curso e a situação da região”, completou Vieira.
A chanceler argentina Diana Mondino destacou que, mesmo com
a mudança do governo em Buenos Aires, os projetos entre Brasil e Argentina
devem prosseguir.
“Todos os projetos entre Brasil e Argentina são
independentes e superiores a quem quer que esteja dirigindo os destinos de
ambos os países”, destacou Mondino, ressaltando que o Brasil é central para a
Argentina.
“Nossa relação bilateral se há constituído em uma verdadeira
política de Estado, para ambos os países, para Argentina com toda certeza”,
completou a chanceler do país vizinho.
EBC |Foto: José Cruz/Agência Brasil
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