Chiquinho Brazão diz que tinha “ótima relação” com Marielle
- 27/03/2024
O deputado federal Chiquinho Brazão, detido no último
domingo (24) acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora
Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, disse nesta terça-feira (26) que
tinha uma “ótima relação” com a vereadora.
Em manifestação online, durante reunião da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados que analisa a prisão
preventiva do parlamentar, ele disse que o que houve entre ele e Marielle foi
uma “simples discordância de pontos de vista” em relação ao projeto de lei que
regulamentava os condomínios irregulares na cidade do Rio de Janeiro.
“A gente tinha um ótimo relacionamento, só tivemos uma vez
um debate, onde ela defendia a área de especial interesse, que eu também
defendia. Marielle estava do meu lado na mesma luta”, argumentou o parlamentar,
preso em Brasília, pedindo que os deputados revejam a decisão sobre sua prisão.
Como Brazão é parlamentar federal, a prisão precisa ser aprovada pela maioria
absoluta da Câmara dos Deputados.
O relatório da Polícia Federal cita como motivação para o
assassinato a divergência entre Marielle Franco e o grupo político do então
vereador Chiquinho Brazão em torno do Projeto de Lei (PL) 174/2016, que buscava
formalizar um condomínio na Zona Oeste da capital fluminense.
O relator do caso na CCJ, deputado Darci de Matos (PSD-SC),
defendeu a manutenção da prisão do parlamentar. Segundo ele, a prisão respeitou
as exigências constitucionais que dizem que a detenção de um parlamentar só
pode ser feita em flagrante e por crime inafiançável.
O advogado de Chiquinho Brazão, no entanto, pediu a
revogação da prisão de seu cliente. “Estamos diante de um claro exemplo de uma
prisão ilegal que deve ser imediatamente relaxada, como determina a
Constituição Federal”, disse Cleber Lopes de Oliveira.
Segundo ele, não há prisão em flagrante no caso de Brazão, e
sim prisão preventiva, o que não está previsto na Constituição para a detenção
de um parlamentar. “Além disso, o delito não está no rol dos crimes
inafiançáveis, então não há possibilidade de prisão em flagrante do parlamentar
por isso”, argumenta.
O advogado também sustentou a incompetência do Supremo
Tribunal Federal (STF) para decretar a prisão do deputado, já que o parlamentar
só tem prerrogativa de foro privilegiado, ou seja, de ter seus processos
encaminhados ao STF, se o crime tiver sido cometido durante o mandato e em
razão do mandato. O crime ocorreu em 2018 e Brazão assumiu o mandato em 2019.
Durante a reunião da CCJ, os deputados federais Gilson
Marques (Novo-SC) e Roberto Duarte (Republicanos-AC) pediram vista para
analisar se a prisão preventiva foi legal, argumentando que não tiveram tempo
de avaliar o relatório da Polícia Federal, a decisão de prisão do ministro do
Supremo Alexandre de Moraes nem o relatório de Darci de Matos.
Presidência da Câmara
Após a decisão da CCJ, o presidente da Câmara dos Deputados,
Arthur Lira (PP-AL), disse que serão disponibilizadas aos parlamentares e
líderes da Casa todas as informações sobre o inquérito da Polícia Federal, para
que as bancadas possam se posicionar com clareza sobre o tema.
“Estamos providenciando para todas as assessorias todo o
material que foi entregue à Presidência da Câmara para que todos tenham esse
prazo para se posicionarem com todo o zelo e cuidado que o assunto requer”,
disse.
O prazo para retomar a análise na CCJ após o pedido de vista
é de duas sessões da Câmara.
Segundo Lira, o pedido de vista não traz prejuízo para o
processo e para a investigação.
“Todo o tempo que transcorrer é em desfavor do réu, que
continuará preso até que o plenário da Câmara se posicione em votação aberta”,
explicou Lira.
Com Inf: EBC | Foto: Lula
Marques/ Agência Brasil
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