Pacheco vai negociar desoneração da folha de municípios com governo
- 29/02/2024
Após a solução acordada por governo e Congresso para a
discussão da reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores da economia
por projeto de lei, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que o
impasse permanece quando o tema é a desoneração da folha para os municípios. Na
sessão deliberativa desta quarta-feira (28), Pacheco informou que as conversas
com o governo continuam, com a previsão de reunião com o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, assim que ele retornar a Brasília. Um dos objetivos é que a
solução seja estendida à folha das prefeituras.
— Embora eu reconheça e elogie a intenção do governo
federal com relação aos 17 setores, é uma solução parcial, [...] porque não
equipara aquilo que está na mesma condição política e jurídica, que é a
desoneração da folha dos municípios e que precisa ser feita por projeto de lei
— disse Pacheco.
A solução à qual Pacheco se referiu foi a publicação, nesta
quarta-feira, da MP 1.208/2024 que revoga a reoneração da folha
de pagamento dos 17 setores. O fim gradual da desoneração da folha, tanto para
os setores quanto para os municípios, estava previsto
na MP 1.202/2023, editada em dezembro. A MP restringia os efeitos da
lei que prorrogou até o final de 2027 a desoneração da folha. O texto, aprovado
pelo Congresso e vetado pelo governo, foi retomado depois que os parlamentares
derrubaram o veto presidencial, resultando em impasse.
Nova rodada de negociações com o governo, com participação
do presidente do Senado e lideranças, resultou no acordo para o envio de um
projeto de lei ao Congresso para tratar especificamente da reoneração gradual
da folha. Assim a nova MP assegurou outras medidas, como o programa de
incentivos ao setor de eventos, que constavam da primeira MP. Porém,
parlamentares apontaram que a parte da MP 1202, que acabou com a desoneração da
folha para os municípios, não foi revogada pela nova MP, prejudicando as prefeituras.
— Se havia de nossa parte a compreensão de
inconstitucionalidade de se vincular matéria que era típica de projeto de lei
por medida provisória, já que nós havíamos decidido, isso se aplica também a
desoneração da folha de pagamento dos municípios. Portanto, a solução ideal é
efetivamente o encaminhamento da revogação da medida provisória [1202] na parte
que trata de desoneração da folha como um todo — cobrou Pacheco, ao explicar a
possibilidade de que a Presidência do Congresso considere como não escrito o
fim da desoneração para os municípios, previsto na MP 1202.
O presidente do Senado afirmou que sua mensagem, na abertura
da sessão desta quarta-feira, era para tranquilizar os prefeitos e deixar claro
que eles podem confiar no Congresso, que dará prioridade ao tema.
Emenda
Autor da emenda que deu origem à desoneração para os
municípios, durante a análise do tema no Congresso, o senador Angelo Coronel
(PSD-BA) disse que o dia é de tristeza para os prefeitos de todo o Brasil.
— O governo resolveu manter a desoneração da folha dos 17
segmentos, mas deixou os municípios de fora. Ou seja, a partir de 1º de abril,
as prefeituras que foram agraciadas com aquela emenda de minha autoria,
reduzindo a previdência de 20% [sobre a folha de salários] para 8%, vão voltar
a ser oneradas. Infelizmente, é uma medida que o governo fez. Mas vamos
continuar lutando para manter esse projeto vivo, para que você prefeito possa
ter o seu município desonerado — comprometeu-se Coronel.
Para o senador, não faz sentido desonerar a folha para
setores da economia e não dar esse benefício para as prefeituras, muitas delas
em situação quase falimentar.
Com Inf: Agência Senado | Foto: Waldemir Barreto/Agência
Senado
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