Governo revoga reoneração de 17 setores da economia
- 28/02/2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta
terça-feira (27) a exclusão da reoneração gradual de impostos para 17 setores
econômicos que constava na Medida Provisória (MP) 1202, editada no final do ano
passado. Com isso, esses setores ficam isentos do pagamento de impostos, por
enquanto, até que o assunto seja resolvido por meio da tramitação de um projeto
de lei de urgência, que ainda será enviado pelo governo federal.
A decisão de Lula já era aguardada e foi fruto de um acordo
feito com lideranças do Congresso Nacional, fechado ainda na semana passada. O
anúncio da revogação foi feito pelo ministro da Secretaria de Relações
Institucionais, Alexandre Padilha. Segundo ele, o texto já foi despachado pelo
presidente e estará publicado na edição de quarta-feira (28) do Diário Oficial
da União (DOU).
A prorrogação da isenção de impostos foi aprovada pelo
Congresso Nacional em 2023, por mais quatro anos, mas o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva vetou a medida.
Em seguida, o Congresso derrubou o veto presidencial. Mesmo
assim, uma nova MP foi editada pelo presidente, já em dezembro, reonerando os
mesmos setores, mas de forma gradual até 2027, e incluindo outras medidas para
melhorar a arrecadação, como a revogação dos benefícios fiscais do Programa
Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e a limitação no percentual
para compensação tributária por decisões judiciais passadas. A revogação do
Perse e a compensação por decisões judiciais seguem na MP, mantendo-se em vigor
até que o Congresso aprove ou não a medida.
“Hoje [27], assinado pelo presidente Lula, vai estar
publicado amanhã [28], o caminho para a continuidade dessa negociação. A
retirada, da Medida Provisória, do ponto específico sobre reoneração dos
setores econômicos. Isso vai para um projeto de lei em regime de urgência. Vai
permitir que a gente possa continuar tratando, no âmbito da MP, os pontos
relacionados ao Perse, programa criado na época da pandemia, que já acabou,
para os setores eventos, que começa a gerar um impacto muito grande na saúde
das contas públicas. E também o tema da compensação tributária, que continua”,
afirmou Padilha em vídeo postado nas redes sociais.
Diferentemente da MP, que tem efeito imediato e, por isso, a
cobrança dos tributos sobre a folha já retornaria em abril, o projeto de lei,
mesmo com urgência, precisa de aprovação prévia e sanção presidencial para
começar a valer, e o prazo para isso é incerto.
A edição de uma reoneração gradual dos mesmos setores que
haviam tido o benefício prorrogado pelo Congresso gerou um conflito entre
legisladores e o governo federal.
Parlamentares de oposição exigiam que o presidente do
Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolvesse a MP 1202/2023
sem nem analisá-la, por entender que o Congresso já havia decidido sobre o
tema. No entanto, durante as negociações que se arrastaram ao longo das últimas
semanas, o próprio governo recuou prometendo retirar os trechos que causavam o
impasse.
Um outro ponto que constava na MP era a reoneração da folha de pagamento de municípios com menos de 156 mil habitantes, que também foi revogada por Lula no texto que será publicado no DOU. Neste caso, o governo não informou quando e se enviará um projeto de lei para retomar a cobrança tributária.
Na semana passada, associações e sindicatos patronais que
representam os 17 setores econômicos afetados pela MP que reonerou a folha de
pagamento de funcionários lançaram um manifesto em defesa do benefício
tributário, aumentando a pressão sobre o governo.
Esses 17 setores, que agora voltam a ser beneficiados com
isenção de impostos, são: confecção e vestuário; calçados; construção civil;
call center; comunicação; empresas de construção e obras de infraestrutura;
couro; fabricação de veículos e carroçarias; máquinas e equipamentos; proteína
animal; têxtil; tecnologia da informação (TI); tecnologia de comunicação (TIC);
projeto de circuitos integrados; transporte metroferroviário de passageiros;
transporte rodoviário coletivo; e transporte rodoviário de cargas.
Com Inf: Canal Rural | Foto: Pixabay
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