Brasil à frente do G20 quer eficácia de bancos multilaterais, diz GT
- 29/01/2024
Para combater a fome e reduzir a desigualdade global, que
estão entre as prioridades para a presidência temporária do Brasil no G-20
(grupo das 20 maiores economias do mundo), é necessário tornar os bancos
multilaterais de desenvolvimento mais eficazes. Essa foi uma das avaliações de
servidores brasileiros que integram um grupo de trabalho para a
"arquitetura financeira internacional" para o G-20. Eles apresentaram resultados de discussões
feitas na quarta (24) e nesta quinta (25) em Brasília.
Representantes do grupo de trabalho elencaram ainda que são
prioridades também tornar a rede de segurança financeira global mais
representativa e resiliente, tratar as questões de dívidas com os países nessa
situação, identificar vulnerabilidades de sistemas de pagamento e promover
fluxos de capitais para os países emergentes e economias em desenvolvimento.
Conexão com prioridades
“A presidência brasileira prioriza combate à fome e à
desigualdade, acelerar a transição energética e o desenvolvimento sustentável,
e reformar as instituições de governança global. O grupo de arquitetura
financeira (IFA) se conecta diretamente com as prioridades da presidência (do
Brasil no G-20)”, afirmou o Coordenador-Geral de Cooperação Econômica
Internacional do Ministério da Fazenda, Felipe Antunes.
Antunes afirmou que o trabalho é para transformar as
prioridades, trazidas de forma mais ampla, em ações concretas. Ele recordou que
a arquitetura financeira teve um papel muito importante depois da crise de 2008
e 2009 para ajudar a gerar consenso para a reforma de organizações financeiras
internacionais. “É um grupo que está, na verdade, conectado com a necessidade
de manter a estabilidade financeira internacional, mas também de promover
desenvolvimento que é sempre uma prioridade dos países do Sul global”, disse.
Antunes entende que o Brasil na presidência do G-20 tem a
oportunidade de contar com a estrutura
financeira internacional para avançar nessas prioridades voltadas para os povos
mais necessitados. O grupo de trabalho brasileiro acredita que é necessário
promover uma discussão internacional sobre uma menor representação dos países
desenvolvidos. “O Brasil pode valorizar a participação dos países devedores”. O
grupo de trabalho pretende que seja realizado um evento ainda neste ano sobre
dívida e com protagonismo para os países africanos.
Ousadia
De acordo com a coordenadora geral para a reforma dos bancos
multilaterais de desenvolvimento no Ministério da Fazenda, Karin Vazques, o
momento marca o início de jornada para um sistema de bancos multilaterais de
desenvolvimento melhores, maiores e mais eficientes. “Nós tivemos a participação de 160
representantes das capitais dos países do G-20, além de especialistas e
organismos internacionais, entre eles 12 bancos multilaterais de
desenvolvimento, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento,
entre outros”, disse.
A coordenadora explica que, para garantir que o
desenvolvimento desse plano de ação continue como um processo colaborativo e
inclusivo, a presidência brasileira do G20 introduziu duas inovações, do que
pode ser uma ação ousada do Brasil. “A primeira delas é a criação de sessões
dedicadas a bancos multilaterais de desenvolvimento (...) A segunda inovação é
a colaboração que estamos estabelecendo e fortalecendo com o grupo de
presidentes dos bancos multilaterais de desenvolvimento”.
Ela exemplificou que o financiamento desses bancos tem
reduzido em termos relativos. “Como sabemos, os membros da ONU acordaram em
2015 cumprir 17 objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030. No mesmo
ano, também assinaram o Acordo de Paris para o enfrentamento das mudanças
climáticas. Parte da solução é o financiamento para o desenvolvimento. Em
grande medida, o financiamento desses bancos multilaterais de desenvolvimento”.
Karin Vazques entende que, além do desafio em termos de
recursos, as necessidades não param de aumentar. “Existe a necessidade
adicional de US$ 1,3 trilhão por ano até 2030 nos países emergentes e economias
em desenvolvimento. Desse total, a grande maioria é para investimentos
adicionais em ações climáticas e investimentos também para alcançar outros
objetivos de desenvolvimento sustentável, entre eles em educação e saúde”.
Com Inf: EBC | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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