Detidos em ato do Passe Livre são indiciados
- 22/01/2024
A Polícia Civil de São Paulo indiciou os manifestantes
detidos na quinta-feira (18), no ato do Movimento Passe Livre (MPL), na capital
paulista, pelo crime de tentar abolir o Estado Democrático de Direito, a mesma
tipificação criminal imposta contra os participantes dos atos antidemocráticos
de 8 de janeiro, em Brasília.
Na manifestação, na Praça da República, no centro de São
Paulo, foram presos quatro homens, de 22, 23, 25 e 19 anos de idade, e uma
mulher, de 18 anos de idade. Eles foram indiciados ainda por associação
criminosa. Um menor de 16 anos foi apreendido e entregue aos responsáveis
mediante assinatura de termo de compromisso para apresentação à Justiça.
Os cinco adultos foram liberados provisoriamente, após
passarem por audiência de custódia nesta sexta-feira (19), mediante pagamento
de fiança de R$ 1 mil, e proibidos de deixarem a Comarca de São Paulo por mais
de 8 dias sem autorização da Justiça.
“O juiz da audiência de custódia considerou que a prisão em
flagrante foi legal, ou seja, de que há indícios de tentativa de abolição do
estado democrático de direito e associação criminosa. Evidentemente isso é um
absurdo", disse Jorge Ferreira, um dos advogados que participou da defesa
dos detidos. A Defensoria Pública do Estado de São Paulo também participou da
defesa.
Ferreira ressaltou que as prisões foram totalmente ilegais,
com abordagens sem motivação, de forma discriminatória, a depender das
características das pessoas. “Também é
impossível falar de associação criminosa. Os manifestantes sequer se conheciam,
foram abordados em momentos distintos e sem nenhuma intenção de cometer
crimes”.
A manifestação de quinta-feira foi acompanhada por um forte
efetivo policial, com a presença da Tropa de Choque, da Força Tática e do
Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep). Antes mesmo do início do ato,
policiais realizaram prisões dentro da estação República do metrô. Um jovem
detido teve o pescoço apertado contra o chão pelos agentes do Baep, que
utilizavam balaclava, o que impossibilita a identificação de seus rostos.
“Não podemos aceitar essa criminalização da luta social. Não
podemos aceitar que manifestantes sejam submetidos a todo um processo criminal,
e ao estigma que isso tem, especialmente para quem mora na periferia, somente
por estarem lutando contra o aumento da tarifa”, reclamou o advogado dos
detidos.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo
disse que a polícia atuou de modo preventivo, “visando evitar danos ao
patrimônio e a pessoas”.
“Durante o ato, os PMs abordaram os indiciados que estavam
com mochilas, sendo realizado averiguação. Com os indiciados, foi localizado e
apreendido três facas, duas tesouras, um estilete, além de explosivos
plásticos, baterias e escudos. Os celulares dos indiciados também foram
apreendidos”,informou a Secretaria de Segurança.
Com Inf: EBC | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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