"Se não tiver acordo, paciência", diz Lula, sobre Mercosul e UE
- 04/12/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste
domingo (3), que caso não haja o acordo comercial entre Mercosul e União
Europeia (UE), não foi por falta de vontade dos sul-americanos, mas por
protecionismo dos europeus. Ontem (2), Lula se reuniu com o presidente da
França, Emmanuel Macron, na tentativa de avançar com a negociação.
Nos últimos dias, o presidente brasileiro esteve em visita
ao Oriente Médio e, hoje, conversou com jornalistas antes de deixar Dubai, nos
Emirados Árabes, a caminho de Berlim, na Alemanha, onde tem compromissos da
agenda bilateral. A Alemanha é um dos países que defende o acordo Mercosul-UE.
“Se não tiver acordo, paciência, não foi por falta de
vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por
conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul. Assuma
a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer uma acordo na
perspectiva de fazer qualquer concessão, é sempre ganhar mais e nós não somos
mais colonizados, nós somos independentes, nós queremos ser tratados apenas com
o respeito de países independentes que temos coisas pra vender, e as coisas que
temos têm preço. O que queremos é um certo equilíbrio”, disse Lula.
O presidente francês é contra o acordo Mercosul-UE, dizendo
ser “incoerente” e “mal remendado”. “[O acordo] não leva em conta a
biodiversidade e o clima dentro dele. É um acordo comercial antiquado e que
desfaz tarifas”, afirmou Macron, neste sábado.
Já segundo Lula, a França é protecionista sobre seus
interesses agrícolas. Além disso, o presidente brasileiro defende alterações em
pontos do acordo de livre comércio sobre licitações de compras governamentais,
pois, para ele, é uma política indutora do desenvolvimento da indústria
nacional e oportunidade para pequenas e médias empresas.
Aprovado em 2019, após 20 anos de negociações, o acordo
Mercosul-UE precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos
dois blocos para entrar em vigor. A negociação envolve 31 países. Ele cobre
temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, como serviços, compras
públicas, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e
fitossanitárias e propriedade intelectual.
“Se não tiver acordo, pelo menos vai ficar patenteado de
quem é a culpa. Agora, o que a gente não vai fazer é um acordo para tomar
prejuízo”, completou Lula.
Com Inf: EBC | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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