Debatedores defendem legislação abrangente contra a discriminação
- 04/12/2023
Especialistas em direitos humanos defenderam nesta
segunda-feira (4) a aprovação de uma legislação abrangente de combate à
discriminação. Eles participaram de uma audiência pública promovida pela
Comissão de Direitos Humanos (CDH).
O debate foi sugerido pelo Alto Comissário das Nações Unidas
para os Direitos Humanos (Acnudh), pela organização internacional Equal Rights
Trust e pela Defensoria Pública da União (DPU). As três instituições lançaram
em outubro a versão em português do documento Proteção aos Direitos de
Minorias: um guia prático para desenvolver uma legislação abrangente de combate
à discriminação.
A audiência ocorreu a partir de requerimento do presidente
da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS). Ele disse que a proteção aos direitos de
minorias e o combate à discriminação “exigem a atenção de toda a sociedade”.
— A CDH não pode permitir a omissão. No silêncio, não apenas
a verdade está oculta, mas também o amparo àqueles que mais sofrem. Nossa ação
deve ser guiada pela mais profunda inspiração democrática e em respeito aos
direitos humanos. As minorias devem ser integralmente incluídas ao direito de
cidadania, e não podemos erguer muralhas para promover a discórdia e a
intolerância — disse.
Guia prático
Para Claude Cahn, oficial de direitos humanos da Acnudh em
Genebra (Suíça), o documento Proteção aos Direitos de Minorias pode servir como
baliza para a elaboração de leis mais inclusivas.
— A antidiscriminação é um eixo central dos tratados de
direitos humanos. O tratamento igualitário é algo que cada pessoa precisa
receber. Há uma discussão vibrante ocorrendo no Brasil, e estamos aqui para
tentar promover um apoio e um esforço para desenvolver um projeto de lei nesse
sentido — afirmou.
Assessora da Acnudh no Brasil, Angela Pires Terto lembrou
que o próximo domingo (10) marca os 75 anos de publicação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Ela disse que o enfrentamento a todas as formas
de discriminação “tem sido um dos principais desafios das Nações Unidas”.
— Após 75 anos de vários avanços, a gente pode notar que
muitos desafios persistem. É necessário que os diversos atores do país consigam
implementar políticas ou legislações adequadas não apenas para buscar prevenir
os diversos tipos de discriminação, mas, uma vez que ela ocorra, promover todas
as formas de reparação — disse.
Para Jim Fitzgerald, diretor da Equal Rights Trust, os
países precisam enfrentar uma “reforma legal abrangente antidiscriminação”.
— Essa é uma reforma absolutamente necessária para que os
Estados possam promover proteção aos direitos humanos. Leis que tenham o
propósito e o efeito de proibir e prevenir todas as formas de discriminação em
todas as áreas da vida regulamentadas pela lei. Uma lei abrangente para
garantir soluções legais e punições aos responsáveis pela discriminação —
afirmou.
A secretária de Articulação Institucional da DPU, Charlene
da Silva Borges, explicou que a instituição foi responsável pela tradução para
o português do documento Proteção aos Direitos de Minorias. Para ela, o guia “é
um instrumento muito valioso” que reúne compromissos internacionais com foco na
antidiscriminação.
Lidamos diariamente
com situações, denúncias e casos concretos que envolvem discriminação e
opressão. É muito importante manter nossa vigilância e fazer um esforço
interinstitucional para o estabelecimento de políticas públicas para a proteção
dos direitos das minorias — disse.
Com Inf: Agência Senado | Foto: Pedro França/Agência Senado
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