Entidades reagem a vetos em lei orgânica de polícias civis
- 28/11/2023
Os vetos na Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis,
sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada na
quinta-feira (23) no Diário Oficial da União, provocaram a reação de diversas
entidades de classe. O texto deixou de fora tópicos como indenizações e
aposentadoria integral.
Em nota conjunta, a Associação dos Delegados de Polícia do
Brasil (Adepol), a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis
(Cobrapol) e a Federação Nacional dos Peritos Oficiais em Identificação
(Fenappi) citam “traição” por parte do governo federal.
O comunicado destaca que, apesar de meses de “diálogo
contínuo e respeitoso”, prevaleceu “uma posição política antagônica a tudo que
fora acordado e uma literal traição às entidades de classe, aos congressistas,
à categoria de policiais civis do Brasil e à toda sociedade brasileira”.
“Causa ainda mais perplexidade a desfaçatez de vetos de
dispositivos já consagrados em leis estaduais e da própria Constituição Federal
que asseguram direitos aos policiais civis, como regras de previdência, licença
classista remunerada, direito a indenizações inerentes à atividade policial
civil como insalubridade e periculosidade”, acrescenta a nota.
“Até direitos básicos aos policiais civis aposentados serão
vetados, deixando-os marginalizados e com insegurança jurídica e funcional,
como se não tivessem mínima dignidade existencial mesmo diante de décadas de
serviço de risco prestado à sociedade”, completa o texto.
Sindicatos
Também em nota, o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito
Federal (Sinpol-DF) citou esforço coletivo no intuito de assegurar uma redação
“mais aprimorada possível”, com o objetivo de modernizar as corporações e
atualizar as atribuições das carreiras, atendendo e respeitando especificidades
de cada região.
“A expectativa era que, com a mudança de governo, a Lei
Orgânica Nacional das Polícias Civis finalmente avançasse, representando um
progresso significativo para a categoria. No entanto, os 31 vetos foram
disparados contra os milhares de policiais civis que, diariamente, se
sacrificam para proteger vidas dos cidadãos brasileiros. Isso é profundamente
injusto.”
O Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Maranhão
(Sinpol-MA) disse repudiar veementemente a sanção da lei e afirmou que os vetos
não causam “estranheza alguma”. “Conforme se percebe da fundamentação que
subsidiou os vetos, a maioria foi calcada no interesse público. Indaga-se: A
segurança pública e o fortalecimento da instituição que combate a criminalidade
não são de interesse público?”
Vetos
Entre os artigos vetados pelo presidente estão a garantia de
aposentadoria integral; o pagamento de indenizações por insalubridade,
periculosidade e atividade em local de difícil acesso; e a ajuda de custo em
caso de remoção para outra cidade; além de licença-gestante,
licença-maternidade e licença-paternidade.
Em comunicado, a Presidência da República cita que, em
conformidade com o posicionamento de ministérios conectados ao tema, Lula
decidiu vetar, “por inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse
público”, dispositivos que permitiam interferência na organização
político-administrativa dos estados, com impacto negativo sobre o equilíbrio
federativo e a segurança jurídica.
“Também vetou ações que restringiam a autonomia dos entes
federativos e que previam contratação em unidades de saúde por mero processo
seletivo sem aprovação prévia em concurso público.”
Com Inf: EBC | Foto: Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil
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