Comissão do Senado aprova taxação de fundos exclusivos
- 23/11/2023
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou
nesta quarta-feira (22) três projetos que aumentam a arrecadação de impostos
por meio de mudanças na taxação de fundos de investimentos exclusivos e
offshores (empresas no exterior), das empresas de vídeo por demanda, os
streamings, e também das apostas esportivas online, as chamadas bets.
O projeto de lei que trata dos fundos exclusivos, que exigem
um investimento mínimo de R$ 10 milhões, e das offshores, que são empresas no
exterior que administram fundos de investimentos, faz parte da estratégia do
governo federal de aumentar a arrecadação de impostos aumentando os tributos
dos mais ricos do Brasil. A estimativa é arrecadar R$ 13 bilhões somente em
2024.
Atualmente, esses fundos só pagam Imposto de Renda na hora
de sacar o dinheiro, enquanto os demais fundos do país pagam imposto todo
semestre, cobrança conhecida como “come-cotas”.
Pelo projeto aprovado, as regras dos fundos exclusivos serão
igualadas às dos demais fundos. Com isso, os super-ricos pagarão o come-cotas a
partir de 2024 de 15% sobre o rendimento para fundos de longo prazo, sendo 20%
no caso dos investimentos de até 1 ano (curto prazo). Os fundos serão
tributados a cada 6 meses.
Porém, quem optar por começar a pagar a alíquota neste ano
ganha um desconto, pagando apenas 8% sobre todo o rendimento que o fundo teve
até o momento, contra os 15% ou 20% de quem não aderir a antecipação.
Atualmente, apenas 2,5 mil brasileiros aplicam em fundos
exclusivos, que somam R$ 756 bilhões em patrimônio e respondem, sozinhos, por
12,3% da indústria de fundos do Brasil.
Em relação aos fundos offshores, muito usado por
investidores super-ricos que entregam bens no exterior para terceiros
administrarem, o projeto prevê uma cobrança anual de 15% de IR a partir de
2024. A tributação será feita uma vez ao ano, no dia 31 de dezembro.
Atualmente, quem tem dinheiro em offshore só paga 15% de IR
sobre o ganho de capital quando e se o dinheiro voltar ao Brasil.
“Volto a reiterar a importância do projeto como um passo
adiante da justiça tributária no Brasil, garantindo tributação em parâmetros
absolutamente compatíveis com a média internacional daqueles que mais recebem,
que mais têm recurso para contribuir com nosso país”, disse o relator do
projeto, senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
A proposta teve resistência de alguns senadores. Para o
senador Carlos Viana (Podemos-MG), a proposta provocará uma bitributação, já
que o objetivo “do projeto é aumentar a arrecadação em cima de impostos de quem
já pagou para ter esses fundos no exterior”.
O projeto segue em regime de urgência para análise do
Plenário.
Streaming
A CAE também aprovou que os serviços de streaming, como
Youtube, Instagram e Netflix, deverão pagar taxa para o incentivo da indústria
de audiovisual brasileira.
O percentual a ser pago pelas plataformas será de até 3%
sobre a receita bruta, superior a R$ 90 milhões.
“Trata-se de proposta equilibrada de regulamentação, que
busca fomentar a produção audiovisual brasileira independente, ao mesmo tempo
que não cria barreiras excessivas aos diversos agentes provedores de vídeos sob
demanda no mercado brasileiro”, argumentou o relator do projeto, Eduardo Gomes
(PL-TO).
Atualmente, a taxa já é paga pelas TV aberta, TV por
assinatura, cinemas e operadoras por celular e internet.
Se produzirem conteúdo nacional, os serviços de streaming
poderão ter um abate de impostos.
O PL 2.331/2022 ainda passará por turno suplementar de
votação na comissão antes de seguir para a Câmara dos Deputados.
Apostas esportivas
Os senadores da comissão aprovaram ainda a regulamentação
das apostas esportivas online de cota fixa, chamadas bets.
Pelo projeto de lei, o apostador pagará 30% de Imposto de
Renda sobre a parcela dos prêmios que exceder a faixa de isenção. Já as
empresas do setor ficarão com 82% do faturamento bruto, descontado o pagamento
de prêmios e imposto de renda, e não mais com 95%, como prevê a Lei 13.756/18,
que criou esse mercado e não tinha sido regulamentada.
Com a regulamentação, o governo federal estima reforçar o
caixa em R$ 700 milhões em 2024.
Se o Plenário do Senado modificar o texto, o PL 3.626/2023
retornará à votação na Câmara dos Deputados.
Com Inf: EBC | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
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