Suspeito de bancar atos golpistas, empresário fica em silêncio na CPMI
- 03/10/2023
O empresário Argino Bedin, conhecido em Mato Grosso como Pai
da Soja, não respondeu aos questionamentos de parlamentares durante sessão da
Comissão Parlamentar de Mista de Inquérito sobre os atos golpista de 8 de
janeiro.
O empresário do agronegócio foi à CPMI, nesta terça-feira
(3), protegido por um habeas corpus do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Dias Toffoli, que deu a ele o direito de não responder a perguntas que
poderiam incriminá-lo.
Bedin foi convocado por estar na lista de suspeitos de
financiarem os atos golpistas, que tiveram início após a vitória do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022, quando grupos bloquearam rodovias
e acamparam em frente a quartéis de todo o país, pedindo um golpe militar no
Brasil.
“Argino Bedin é um latifundiário sócio de pelo menos nove
empresas e teve as contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de
Moraes”, informa o requerimento do deputado Carlos Vera (PT-PE) aprovado na
CPMI.
A relatora da Comissão senadora Eliziane Gama (PSD-MA)
destacou na sessão que os alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
enviados à CPMI apontaram que, logo após o resultado da eleição, foram enviados
à Brasília 272 caminhões, sendo 72 vindos da cidade de Sorriso (MT), onde ficam
as fazendas do empresário. Desses, 16 caminhões eram de propriedade de Bedin ou
de membros da sua família.
Eliziane também citou uma série de atos violentos em Sorriso
ou próximo à cidade no entorno das fazendas de propriedade de Benin, todas
localizadas na BR-163.
“No dia 5 de novembro, a Abin faz um alerta de que 180
caminhões originados da cidade de Sorriso já estavam se direcionando para
Brasília. No dia 19 de novembro, houve tentativa de explosão da BR-174 em
Comodoro, em Mato Grosso, com a intenção de danificar a rodovia, destruindo um
duto que passa sob o trecho. Ainda nesse mesmo mês, no dia 19, em Lucas do Rio
Verde, cidade vizinha de Sorriso, um grupo atacou a base de uma concessionária
e ateou fogo com gasolina”, relatou Eliziane.
A relatora ainda destacou que a Associação dos Produtores de
Soja e milho de Mato Grosso do Sul (Aprasoja) está entre os grupos ligados ao
chamado Movimento Brasil Verde e Amarelo, que convocou manifestações contra as
eleições no Brasil. “Eu teria aqui, na verdade, várias perguntas a fazer porque
o Movimento Verde Amarelo recebeu dinheiro, e não foi pouco dinheiro. Ou seja,
todas essas manifestações que ocorreram eram subsidiadas”, completou.
Oposição questiona
Representantes da oposição saíram em defesa do empresário. O
deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) disse que o Bedin deve ser celebrado por ter
“construído um império do agronegócio”. “O senhor está sendo tratado como se
fosse responsável por esses vândalos que depredaram o patrimônio público”,
afirmou.
Já o deputado Filipe Barros (PL-PR) prestou solidariedade ao
empresário acusado de financiar os atos golpistas. “O empresário exemplar para
o nosso país, como Argino Bedin, eventualmente ajuda mais uma dessas manifestações.
Só que nessa manifestação deu no que deu no dia 8. Ele pode ser
responsabilizado por isso? Óbvio que não”, argumentou.
Com Inf: EBC | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874
0 Comentários