Câmara aprova projeto de combate a crimes praticados contra crianças e adolescentes
- 25/09/2023
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (20)
projeto de lei que torna hediondos crimes como sequestro, cárcere privado ou
tráfico de pessoas quando praticados contra criança ou adolescente. A proposta
será enviada ao Senado.
Condenados por crimes considerados hediondos não podem
contar com anistia, graça e indulto ou fiança, e devem começar a cumprir pena
inicialmente em regime fechado.
Foi aprovado o texto do relator, deputado Altineu Côrtes
(PL-RJ), para o Projeto de Lei 4224/21, do deputado Osmar Terra (MDB-RS).
Novos crimes também são tipificados no texto, como os de
bullying ou cyberbullying; e a falta dolosa de comunicação à polícia do
desaparecimento de criança ou adolescente por parte de pais ou responsáveis.
O projeto cria ainda uma política nacional de prevenção e
combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, além de prever
a criação de protocolos a serem seguidos nas escolas para prevenir e combater a
violência nesse ambiente.
Crimes hediondos
Ao lado dos crimes de sequestro, cárcere privado ou tráfico
de crianças ou adolescentes, será considerado hediondo:
agenciar ou coagir esse público a participar de cenas de
pornografia,
atuar com essas pessoas nessas cenas
exibir ou transmitir pela internet ou aplicativos, em tempo
real, cena de sexo explícito ou pornográfica com a participação de criança ou
adolescente.
Atualmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não
classifica como crime essa transmissão em tempo real, que é incluída pelo projeto
com pena de 4 a 8 anos de reclusão.
Igual classificação será imposta ao condenado por comprar,
possuir ou armazenar fotografia, vídeo ou qualquer registro com cenas de
pornografia envolvendo crianças ou adolescentes.
“A Câmara teve posicionamento firme no combate à violência
que se faz contra nossas crianças e adolescentes”, disse Osmar Terra, ao
comemorar a aprovação do projeto.
Identificação dos infratores
Também será punível, com multa de 3 a 20 salários mínimos, a
exibição ou transmissão de imagem, vídeo ou corrente de vídeo (retransmissões
sucessivas) de criança ou de adolescente envolvido em ato infracional ou em
outro ato ilícito que lhe seja atribuído com o fim de permitir sua
identificação.
Desaparecimento
Se o projeto virar lei, haverá ainda pena de reclusão de 2 a
4 anos e multa para o pai, a mãe ou o responsável legal que não comunicar, de
forma dolosa, à autoridade pública o desaparecimento de criança ou adolescente.
Suicídio
Sem relação com a idade da vítima, passa a ser hediondo também
o crime de induzir ou auxiliar suicídio ou automutilação usando a internet,
rede social ou transmissão em tempo real.
A pena atual para esse crime, de 6 meses a 2 anos de
reclusão, será duplicada se o autor for líder, coordenador, administrador de
grupo, comunidade ou rede virtual, ou responsável por estes.
Bullying
Embora seja muito comum entre crianças e adolescentes,
pessoas inimputáveis, para os demais adultos a prática do bullying passará a
ser crime punível com multa, se a conduta não constituir crime mais grave.
De acordo com o texto do relator, a intimidação sistemática,
individualmente ou em grupo, de uma ou mais pessoas, de modo intencional,
repetitivo e sem motivação evidente será considerado bullying.
Essa intimidação será considerada assim seja com o uso de
violência física ou psicológica, atos de intimidação, humilhação ou
discriminação ou mesmo ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas,
físicas, materiais ou virtuais.
Entretanto, se a conduta ocorrer por meio da internet, de
rede social, aplicativos, jogos on-line ou qualquer outro meio ou ambiente
digital ou em tempo real, a pena será de reclusão de 2 a 4 anos e multa.
Violência em escolas
Quanto à prevenção da violência nas escolas ou
estabelecimento similares públicos ou privados, o texto aprovado especifica que
caberá aos municípios e ao Distrito Federal implementar medidas em cooperação
com estados e a União.
Entram na definição da violência a ser prevenida todas as
tratadas em três leis: sobre violência doméstica (Lei 14.344/22), sobre
atendimento a criança ou adolescente vítima de violência (Lei 13.341/17) e
sobre prevenção do bullying (Lei 13.185/15).
Para implementar essas medidas, as cidades deverão desenvolver
protocolos com ações específicas para cada tipo de violência que pode ocorrer
no ambiente escolar. Assim, deverá atuar em conjunto com órgãos de segurança
pública e de saúde e com a participação da comunidade escolar.
Esses protocolos deverão prever a capacitação continuada do
corpo docente e também a informação para a comunidade escolar e a vizinhança em
torno do perímetro da escola.
Crimes na escola
A pena para o crime de homicídio contra menor de 14 anos
será aumentada de 2/3 se for praticado em instituição de educação básica
pública ou privada.
Já as instituições sociais públicas ou privadas que
desenvolvam atividades com crianças e adolescentes deverão exigir e manter
certidões de antecedentes criminais de todos os seus funcionários.
Essa exigência será para todas as instituições, que recebam
ou não recursos públicos, e as certidões deverão ser atualizadas a cada seis
meses.
Exploração sexual
Sobre a política de prevenção e combate ao abuso e
exploração sexual de crianças e adolescentes, o texto prevê sua elaboração pela
conferência nacional a ser organizada e executada pelo órgão federal
competente.
Essa política não deve se restringir às vítimas e terá de
considerar um contexto social amplo envolvendo as famílias e as comunidades.
Quanto aos agentes públicos que atuam com criança e
adolescente em situação de violência sexual, a política deverá prever sua
capacitação continuada.
O PL 4224/21 prevê a realização de um plano nacional no qual
devem constar ações estratégicas, metas, prioridades e indicadores, definindo
formas de financiamento e gestão.
Esse plano deverá ser reavaliado a cada dez anos, mas de
três em três anos, os conselhos de direitos da criança e do adolescente,
organizações da sociedade civil e representantes do Ministério Público
verificarão o cumprimento das metas estabelecidas, além de elaborarem
recomendações aos gestores e operadores da política pública.
Objetivos
Ao elaborar a política nacional, a conferência deverá
atentar para seus objetivos, como:
aprimorar a gestão das ações de prevenção e de combate ao
abuso e exploração sexual da criança e do adolescente;
promover a produção de conhecimento, pesquisa e avaliação
dos resultados; e
garantir o atendimento especializado e em rede da criança e
do adolescente em situação de exploração sexual e às suas famílias.
Com Inf: Agência Câmara de Notícias |: Marina Ramos/Câmara
dos Deputados
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874
0 Comentários