Condenado por tentar explodir bomba perto do aeroporto de Brasília pode fazer acordo de delação com CPMI
- 25/09/2023
Conforme parecer da Advocacia do Senado, CPMI pode fazer
acordo de delação, se o Ministério Público concordar.
O blogueiro Wellington Macedo de Souza optou por não
responder a perguntas de deputados e senadores na Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, mas acenou com a possibilidade de fazer um
acordo de delação premiada.
Ele foi condenado por participar da tentativa de explosão de
uma bomba perto do aeroporto de Brasília, em dezembro do ano passado, e está
preso. No governo Bolsonaro, foi assessor da Secretaria Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente.
No início da reunião da CPI, Souza avisou que ficaria em
silêncio, amparado por um habeas corpus obtido junto ao Supremo Tribunal
Federal (STF). “Eu só vou colaborar com vocês depois que meus advogados tiverem
acesso aos autos de acusação contra a minha pessoa e eu tiver tempo suficiente
para conversar e articular com meu advogado.”
A possibilidade de delação foi apontada pela relatora da
CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ao final da reunião. “Nós solicitamos à
Advocacia-Geral do Senado sobre a delação premiada. Nós estamos chegando à reta
final dos trabalhos desta comissão. O senhor não tem interesse de colaborar com
os trabalhos desta comissão? De contribuir, de trazer as informações a esta
comissão?”, questionou.
Foi o advogado do blogueiro, Sildilon Maia, que respondeu.
“Eu fiz um requerimento de acesso às peças que faltavam no Supremo, o ministro
Alexandre [de Moraes] ainda não despachou. Eu acredito que, no mais tardar na
segunda-feira, eu já terei acesso a esses elementos e me coloco à disposição da
senhora para, junto à advocacia do Senado, a gente ter esse diálogo, eu ter
acesso ao parecer que trata desse tema internamente. Não temos nenhuma
restrição a isso.”
Eliziane Gama: "Graças a Deus foram incompetentes na
fabricação da bomba"
Histórico
Eliziane Gama ressaltou que o blogueiro é conhecido por
divulgar denúncias sem provas na internet, que já resultaram em dezenas de
ações ajuizadas contra ele no Ceará.
Ela afirmou que os atos de 8 de janeiro vieram a partir de
uma “ação embrionária”, que teria começado em 7 de setembro de 2021. Também
destacou diversos pedidos de Pix feitos pelo acusado e o fato de, mesmo
desempregado, ele ter adquirido automóveis no valor de mais de R$ 300 mil. Gama
disse, ainda, que “graças a Deus foram incompetentes na fabricação da bomba”,
enquanto mostrava uma imagem com o raio de alcance dos efeitos caso o artefato
tivesse explodido.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também afirmou que a invasão dos prédios dos três Poderes neste ano não foi um ato isolado. “Houve uma construção golpista durante anos, particularmente de 2021 em diante. É importante a gente dizer isso porque o senhor Wellington Macedo tem características dos seguidores de Bolsonaro: participa da milícia digital, inclusive expressando não apenas divergência política, mas preconceito grave contra o presidente Lula, estimula o ódio nos seus vídeos, a violência, o golpe.”
Por outro lado, o deputado Pr. Marco Feliciano (PL-SP) disse
que Wellington Macedo de Souza nem deveria estar depondo. Segundo ele, o
depoente está preso por criticar o STF. “E no nosso País você pode criticar
qualquer um: critica-se pastor, critica-se presidente da República, pode se
criticar o presidente aqui da CPMI, pode se criticar qualquer deputado ou
senador. Mas não se pode criticar nenhum membro da Suprema Corte do nosso País,
porque, infelizmente, eles são como se fossem uma casta superior, extremamente
maior, exatamente porque há, no nosso País, um desequilíbrio dos Poderes”,
avaliou.
Mas o blogueiro recebeu críticas também de parlamentares da oposição. O senador Cleitinho (Republicanos-MG) chamou o depoente de “covarde que usava a direita” e disse que um cristão não tentaria matar pessoas na véspera de Natal.
Com Inf: Agência Câmara de Notícias | Geraldo Magela/Agência
Senado
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