Fotógrafo recorre ao STF para voltar a cobrir CPMI dos Atos Golpistas
- 04/09/2023
A defesa do fotógrafo Lula Marques, da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC), protocolou, nesta sexta-feira (1º), um mandado de segurança
no Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar a decisão do deputado Arthur
Maia (União-BA) que impediu o profissional de cobrir os trabalhos da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os Atos Antidemocráticos de 8 de
Janeiro.
No dia 24 do mês passado, o parlamentar, na condição de
presidente da CPMI, determinou descredenciamento do profissional após Marques
fotografar as conversas do senador Jorge Seif (PL-SC) com uma jornalista no dia
em que foi realizada a operação da Polícia Federal contra Jair Renan, filho do
ex-presidente Jair Bolsonaro, que trabalha no escritório político de Seif, em
Santa Catarina.
A foto foi feita durante reunião pública da comissão, que é
transmitida pela internet e pelos canais de televisão, e acompanhada por outros
profissionais de imprensa, parlamentares e seus assessores.
Após tomar conhecimento da publicação, Arthur Maia determinou
o descredenciamento do profissional sob alegação de invasão de privacidade dos
parlamentares. Nesta semana, mesmo após apelo pela revogação da decisão feito
pelo presidente da EBC, Helio Doyle, e a Associação Brasileira de Imprensa
(ABI), o presidente manteve o descredenciamento.
Ao recorrer ao Supremo, os advogados Antonio Carlos de
Almeida Castro, o Kakay, Marcelo Turbay, Bruno Fishgold e Larrisa Benevides
argumentam que a decisão de Arthur Maia é inconstitucional e viola o princípio
da liberdade de informação que deve ser garantido a Lula Marques.
A defesa acrescenta que atividades jornalísticas não podem
ser submetidas a “mecanismos de censura prévia”.
“Note-se o contexto em que a fotografia foi extraída. Local
público destinado à realização de debates e à tomada de decisões de interesse
público por agentes políticos, de viés representativo. Ademais, ao contrário do
afirmado pela autoridade coatora, o diálogo registrado não tinha caráter
privado, porquanto se tratava de uma conversa de parlamentar com profissional
de imprensa sobre operações policiais que envolviam outro agente público,
inclusive vinculado ao Senado”, afirmaram os advogados.
Em nota divulgada na semana passada, o diretor-presidente
EBC, Hélio Doyle, pediu que o descredenciamento do fotógrafo seja revisto.
“A Empresa Brasil de Comunicação tomou conhecimento da
decisão de impedir o acesso do repórter fotográfico Lula Marques às sessões da
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os Atos Antidemocráticos
de 8 de Janeiro. Essa decisão, que viola o livre exercício da profissão e a
liberdade de imprensa, é autoritária e injustificável. Por isso, peço ao
presidente da CPMI, deputado Arthur Maia, que reconsidere o descredenciamento
do profissional, para que não haja qualquer restrição ao exercício de sua
atividade. Informo que, caso a decisão não seja revista, a empresa não irá
designar outro profissional para a cobertura fotográfica da CPMI", diz a
íntegra nota.
Com Inf: EBC | Foto: Marcello Casal Jr/Agência
Brasil/Arquivo
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