IFI aponta melhor desempenho da economia este ano
- 16/06/2023
O último relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI),
divulgado nesta quarta-feira (14), traça um cenário mais otimista para a
economia do país em 2023. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB), que representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos
no país, foi revista, subindo de 1% para 2,3% este ano. O resultado do PIB no
primeiro trimestre, impulsionado pelo setor agropecuário, proporcionou "
surpresas positivas", de acordo com o Relatório de Acompanhamento Fiscal
(RAF) do mês de junho.
No entanto, a IFI identificou uma tendência
expansionista nos gastos do governo federal no primeiro trimestre de 2023, em
comparação com o ano passado. Segundo o relatório, o resultado fiscal
estrutural do governo, ou seja, a diferença entre receitas e despesas
desconsiderando efeitos de ciclos econômicos e de eventos atípicos — como
arrecadação extraordinária ou gastos para circunstâncias emergenciais. O
cálculo também leva em conta a produção potencial da economia do país. A
instituição explica que esse tipo de análise é importante para observar as
tendências de longo prazo sem a influência de fatores irrepetíveis.
“Compreender o resultado fiscal estrutural é essencial para
orientar as decisões de política fiscal, como ajustes de impostos, gastos
públicos e investimentos, visando alcançar as metas de equilíbrio fiscal e
promover uma gestão mais responsável das contas públicas”, diz o RAF.
O resultado da análise mostrou um impulso fiscal de 0,3
pontos percentuais do PIB, quando considerados os três últimos trimestres de
2022 e o primeiro trimestre de 2023. Isso representa uma tendência de expansão
dos gastos públicos. No período avaliado, alguns eventos atípicos que
impactaram o resultado fiscal incluem renúncias tributárias com a redução a
zero das alíquotas de PIS/Cofins incidentes sobre combustíveis e arrecadação
oriunda de dividendos da Petrobras (sensível ao ciclo das commodities).
PIB
A IFI também destacou no relatório algumas “surpresas
positivas” indicadas pelo resultado do produto interno bruto (PIB) no primeiro
trimestre, divulgado no último dia 1º. O maior impacto positivo veio do setor
agropecuário, que registrou um crescimento de quase 22% frente ao trimestre
anterior.
A explicação do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) para isso foi a recuperação das lavouras impulsionada por
melhores condições climáticas. Segundo a IFI, o resultado causa um efeito
positivo sobre outros setores da economia.
“Além do efeito direto do aumento da renda agrícola no PIB,
a expansão da safra de grãos de forma geral costuma beneficiar a cadeia
produtiva, dinamizando setores adjacentes, como serviços de transporte e
armazenamento (que tiveram alta de 1,2% na margem)”.
Diante desse cenário, a IFI revisou a sua previsão de
crescimento do PIB, incluindo uma tendência de desaceleração no segundo
trimestre e de retração no terceiro.
Arcabouço fiscal
O relatório faz também algumas considerações sobre o novo
arcabouço fiscal (PLP 93/2023), que o Senado deve votar na terça-feira (20). A
IFI entende que, com as novas regras, o governo precisará conseguir um aumento
das receitas primárias em 0,9 ponto percentual para alcançar o resultado
desejado no primeiro ano de vigência da nova lei, que é zerar o déficit.
A meta é “ambiciosa”, de acordo com a IFI, e seu sucesso é
incerto devido à natureza das principais iniciativas fiscais já anunciadas pelo
governo para atacar a discrepância fiscal. A instituição julga que o conjunto
de propostas ainda não é suficiente para cumprir os objetivos da equipe
econômica.
“Até o momento, o governo anunciou uma série de medidas
fiscais com objetivo de ampliar as receitas primárias. Boa parte delas já
consta nas projeções do governo desde o primeiro relatório de avaliação de
receitas e despesas. Algumas das medidas representam uma arrecadação pontual,
como a transferência de contas não reclamadas de PIS/Pasep para o Tesouro.
Algumas são de materialização incerta, segundo o próprio Ministério da Fazenda.
Algumas dependem de decisão favorável à União em ações julgadas por tribunais
superiores. O alcance da meta de resultado primário para 2024 dependerá do
sucesso das medidas fiscais já anunciadas e, provavelmente, do anúncio de novas
ações”.
Com Inf: Agência Senado | Foto: Jaelson Lucas/AEN
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