Startups unem tecnologia e agronegócio para melhorar produtividade no campo
- 22/11/2018
Reconhecida nacionalmente por ser referência na produção agrícola no Paraná, Londrina, no norte do estado, agora passa a ter vocação tecnológica com a criação de empresas voltadas para produtos ou serviços que podem melhorar a produtividade no campo.
Nos últimos três anos, de 406 startups acompanhadas pelo Sebrae no município, 22% delas são empresas agro tecnológicas - as chamadas de Agritechs.
“Londrina sempre foi reconhecida pela vocação agrícola e tinha uma notoriedade no campo da tecnologia. Nos últimos anos, é cada vez maior a aderência desses dois setores no desenvolvimento de modelos de negócios”, explica Lucas Ferreira Lima, gestor Estratégico de Startup e Agritech do Sebrae.
Para divulgar o trabalho dessas empresas, o Sebrae reuniu Agritechs por dois dias em Londrina para falar sobre inovação.
Um desses exemplos é a startup Milch, que surgiu após o Hackathon, uma maratona de desenvolvedores, na Exposição Agropecuária de Londrina de 2017.
A empresa criou um sensor para facilitar o controle do bem-estar animal por produtores de leite. O sensor capta informações sobre temperatura, umidade e velocidade do vento e, com essas informações, indicamos uma nutrição personalizada para o que o animal precisa.
Uma das responsáveis, Natalia Koritiaki, doutora em zootecnia, decidiu empreender para colocar a pesquisa em prática.
“Vim da academia e me incomodava perceber que a pesquisa não ia para o campo, não era colocada em prática. Quando descobri as startups acabei me apaixonando. Eu e um colega tivemos uma startup na área de ovinocultura, que não deu certo, e então partimos para o leite”, diz.
A startup ainda está dando os primeiros passos, mas o produto já passou por testes e teve resultados positivos quanto a viabilidade comercial.
“Temos resultados comprovados pela pesquisa científica e tentamos baratear o custo o máximo possível. Se seguir as indicações, o produtor pode ter um aumento de produtividade de cerca de 10%”, explicou Natalia.
Enquanto a Milch está passando pelas primeiras fases de desenvolvimento, está incubada na Sociedade Rural do Paraná , a Termoplex, uma startup familiar criada há quatro anos, tem 14 clientes.A empresa elaborou um sistema para controle e monitoramento de silos de grãos. Através de sensores digitais, o sistema faz um controle inteligente de temperatura e umidade dos grãos para que eles não percam qualidade.
Em um silo, que utiliza energia elétrica para realizar esse processo, os sensores podem ajudar a reduzir a conta e evitar possível falhas em uma operação manual.
“Com o controle automático, os motores só serão ligados no horário ideal e funcionarão pelo tempo necessário indicado. O sistema funciona de forma autônoma e o cliente tem acesso aos dados a hora que desejar, só precisa indicar a temperatura e a umidade que deseja manter”, explicou um dos fundadores da Termoplex, Vinicius Ortiz.
O projeto foi idealizado após o avô de Ortiz, que sempre trabalhou com automação industrial, perceber a necessidade de um sistema como esse pelo mercado. A família então decidiu desenvolver o sistema e o software e participar de programas de aceleração.
O resultado apareceu rápido, neste ano a empresa teve crescimento de 50% e foi convidada para se apresentar na Índia. A embaixada brasileira selecionou a startup, e o fundador apresentou a empresa inovadora para os agricultores indianos em agosto deste ano.
“Tínhamos o objetivo de fazer um produto para fornecer junto com o sistema elétrico do silo. Somente quando começamos a conversar com os produtores é que percebemos a oportunidade que tínhamos. As coisas foram acontecendo conforme realizávamos o trabalho”, afirma Ortiz.
As duas startups são alguns dos exemplos de que a união da tecnologia e da agricultura é positivo para produtor, desenvolvedor e pesquisador.
“Os responsáveis pelas startups são profissionais inovadores que criam medidas que podem facilitar, causar um impacto financeiro positivo e ainda melhorar a produtividade”, enfatizou Lucas Ferreira Lima.
G1
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