Lei Paulo Gustavo é para descentralizar recursos, diz ministra
- 15/05/2023
O decreto que regulamenta a Lei Paulo Gustavo, assinado na
última quinta-feira (11), disponibilizou R$ 3,8 bilhões para estados e
municípios, que devem apresentar planos de ação destinados ao setor cultural no
país. Em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da TV Brasil, a ministra da
Cultura, Margareth Menezes, falou sobre a importância e a urgência da medida.
“Durante aqueles anos de pandemia, nosso setor foi o
primeiro que parou e o último que voltou. Nós estamos, justamente, executando
uma lei emergencial, um direito do setor cultural, que ainda não se
restabeleceu daquele processo de tantas perdas que tivemos, e o Paulo Gustavo
recebeu essa homenagem, esse grande ator, essa figura incrível que perdemos”,
destacou.
De acordo com o ministério, o investimento de R$ 3,8 bilhões
é o maior já destinado à cultura e tem como objetivo chegar aos 27 estados, beneficiando
5.570 municípios. “[O decreto] atende a vários apelos do setor e faz uma coisa
importante: a descentralização. Esse aporte vai chegar a todas as cidades do
Brasil, todas as regiões. O ministério começa buscando efetivar essa questão do
deslocamento do investimento, do fomento. Para nós, isso está sendo uma grande
conquista”, explicou a ministra.
Do valor a ser disponibilizado, R$ 2 bilhões serão
destinados aos estados e R$ 1,8 bilhão aos municípios. Para ter acesso aos
recursos, os governos devem se inscrever por meio da plataforma TransfereGov e
eles terão 60 dias para registrar os planos de ação a serem desenvolvidos com o
aporte financeiro. Após a aprovação das propostas, os recursos serão
liberados.
“É um momento tão intenso que nós vamos ter possibilidades
de fazer cumprir, alimentar, socorrer e prestigiar o setor da cultura no
Brasil, os agentes culturais e a população. A prefeitura da sua cidade vai
poder propor festivais, cursos, editais, inclusive projetos para criar centros
culturais. A gente precisa agora aproveitar esse momento novo da cultura no
Brasil”, afirmou Margareth Menezes.
Lei Rouanet
Ainda sobre a descentralização dos recursos, a ministra
falou sobre a Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. “Nós
estamos travando diálogos com as empresas para sensibilizar para este novo
momento. O ministério [da Cultura] também está trazendo uma prerrogativa de
poder indicar, porque antes só as empresas podiam escolher. Nós, neste momento,
vamos poder orientar as empresas para que esta descentralização aconteça”,
acrescentou.
Por meio da Lei Rouanet, empresas e pessoas físicas podem
patrocinar diversas formas de expressão cultural, abatendo o valor total ou
parcial do apoio do Imposto de Renda. Os projetos patrocinados devem oferecer
ingressos, produtos culturais gratuitos ou a preços populares, bem como
promover ações de formação e capacitação junto às comunidades, o que contribui
para ampliar o acesso da população à cultura.
Margareth explicou que se trata de um investimento na
cultura, pois cada empresa pode dispor de 4% do imposto e a pessoa física
também pode dispor de 6%. “Esse dinheiro é um dinheiro perdido? Claro que não.
Ele retorna através das ações e também da prerrogativa de que existe a
contrapartida social para cada projeto. E as pessoas reclamam que tem uns
projetos que têm um peso maior de patrocínio, de milhões. O ministério não faz
essa escolha, ela faz a análise. O que aquele projeto contempla? Às vezes uma
peça de teatro emprega 100 pessoas, um musical, às vezes, emprega 170 pessoas e
tem uma devolutiva social obrigatória”, apontou.
A ministra disse ainda que está em diálogo “franco” com as
empresas sobre este tema. “A gente quer que a sociedade brasileira acredite no
setor cultural do Brasil, que é uma potência, e vamos acabar com essa visão de
criminalização do artista, de criminalização do fazer cultura no país. É o
contrário: isso é uma ferramenta de emancipação, e não de criminalização”,
enfatizou.
EBC | Foto: Valter Campanato
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874
0 Comentários