TSE cassa prefeito em Santa Catarina e torna Hang inelegível
- 04/05/2023
O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu hoje
(4), por 5 a 2, cassar o mandato do prefeito de Brusque, Ari Vequi (MDB), por
abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2020.
A decisão se deu em razão da utilização da estrutura da
varejista Havan, maior empresa da cidade, em favor dele, em sucessivos vídeos
publicados pelo empresário Luciano Hang, conhecido como Véio da Havan, nas
redes sociais.
Pela decisão, o próprio Hang fica inelegível até 2028, por
ter praticado o abuso de poder econômico - o prazo equivale aos oito anos
previstos na Lei da Ficha Limpa, mas contados a partir das eleições municipais
de 2020.
Com a decisão, o TSE reverte julgamento do Tribunal Regional
Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), que não havia visto abuso de poder
econômico na campanha promovida por Hang em favor de Vequi. A corte regional
considerou que a sequência de vídeos publicados pelo empresário seria uma mera
opinião política protegida pela liberdade de expressão.
A ação original havia sido aberta por Podemos, PT, PSB e
Partido Verde, que recorreram ao TSE. O relator do caso, ministro Ricardo
Lewandowski, considerou que não seria possível reverter a decisão do TRE-SC,
pois para isso seria necessário reexaminar as provas, o que não seria permitido
pela jurisprudência.
Contudo, segundo a votar, o presidente do TSE, ministro
Alexandre de Moraes, decidiu não considerar essa questão processual, diante do
que considerou provas robustas do abuso de poder econômico. Ele apontou a
reiterada utilização da logomarca e de ativos da Havan - entre os quais
caminhões, lojas e recursos humanos - para fazer “campanha paralela”, sem
prestação de contas, em favor de Vequi e contra os demais candidatos.
Moraes destacou o que considerou serem exemplos mais graves
dessa atuação indevida. Num dos vídeos publicados nas redes sociais, com cerca
de 180 mil visualizações, Hang veste camisa da Havan e promove uma espécie de
evento político com funcionários numa de suas lojas, em 14 de novembro de 2022,
véspera do pleito municipal.
Nesse vídeo, Hang simula entrevistas com funcionários, que
são questionados se “votarão certo” para prefeito. Moraes frisou que tal
comportamento configura, em tese, também o crime de assédio eleitoral. O
ministro instou o Ministério Público Eleitoral (MPE) a apurar o caso.
“Nesse contexto, impõe-se ao Tribunal Superior Eleitoral, a
partir da sucessão de fatos narrados, aferir a legitimidade da atuação de
Luciano Hang no âmbito da disputa eleitoral ou se os comportamentos praticados,
por meio da indevida vinculação da pessoa jurídica Lojas Havan com a campanha,
representaram quebra da isonomia do pleito em benefício dos candidatos
Recorridos [Ari Vequi e seu vice, Gilmar Doerner], decorrente de abuso do poder
econômico”, disse Moraes.
O ministro frisou também que Vequi e seu vice participaram
de algumas das transmissões feitas por Hang. Moraes disse que "o conjunto
probatório revela não apenas a participação direta do Investigado Luciano Hang
nos atos abusivos, mas, sim, evidencia que os candidatos concorreram com os
atos, tendo em vista a participação em eventos ilícitos, consubstanciados em
live e em evento dentro das Lojas Havan". O presidente do TSE concluiu que
os atos de Hang quebraram a isonomia do processo eleitoral.
Seguiram o entendimento do presidente do TSE os ministros
Cármen Lúcia, Benedito Gonçalves, Sergio Banhos e Carlos Horbach. Ficaram
vencidos o relator, Lewandowski, e o ministro Raul Araújo.
Pela decisão, a cassação dos diplomas do prefeito Ari Vequi
(MDB) e Gilmar Doerner (Republicanos) deve ser comunicada ao TRE-SC e ter
efeitos imediatos, sem que seja necessário aguardar a publicação do acórdão
(decisão colegiada) do TSE.
A Agência Brasil tenta contato com a defesa das pessoas
mencionadas na reportagem.
Com Inf: EBC | Foto: TSE
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