Paraná delega rodovias à União e maior pacote de concessões do País avança mais uma etapa
- 04/05/2023
O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta
quarta-feira (03), em Brasília, em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e o ministro dos Transportes, Renan Filho, o documento que delega as
rodovias estaduais do Paraná ao governo federal para a realização da nova
concessão à iniciativa privada. É o maior projeto rodoviário em andamento no
País.
Com a conclusão desta etapa, a publicação do edital dos dois
primeiros lotes deverá ocorrer no dia 16 de maio, com a disputa do leilão
marcada para os dias 24 de agosto e 16 de setembro, na Bolsa de Valores – é
possível que os dois lotes sejam disputados em agosto ou um em cada mês. As
novas concessionárias deverão assumir as estradas dos dois primeiros lotes no
último trimestre de 2023.
O documento permite à União incluir cerca de 1,1 mil
quilômetros de trechos de rodovias estaduais no pacote a ser leiloado, de um
total de 3,3 mil quilômetros que ficarão sob a responsabilidade da iniciativa
privada pelos próximos 30 anos. Nos primeiros dois anos, serão realizados
serviços de recuperação das rodovias, para que a partir do terceiro ano as
obras de duplicação, implantação de novas faixas e outras intervenções comecem
efetivamente, somando cerca de R$ 19 bilhões de investimentos nesses lotes e
mais de R$ 50 bilhões no projeto todo.
O modelo mantém os três principais pontos defendidos pelo
Governo do Paraná, aliando preço justo e disputa pela menor tarifa, garantia de
obras e ampla concorrência. A elaboração do programa de concessões foi objeto
de um amplo estudo técnico e consulta pública, com milhares de colaborações de
usuários, recorde de um processo conduzido pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT).
"Estamos falando do maior projeto do Brasil e da
América Latina. São 3,3 mil quilômetros de concessões, sendo 1,8 mil
quilômetros de duplicações. É importante para a infraestrutura do Paraná, que
vem se consolidando como central logística pela ligação entre estados do Sul e
Sudeste, mas são concessões importantes para o desenvolvimento nacional. O
modelo do passado, com altas tarifas e poucas obras, era ruim. Esse modelo que
construímos é inovador", disse.
Segundo o governador, há expectativa de diminuição nas
tarifas que vão a leilão de 20% a 30% em relação ao modelo anterior, o que deve
ser ampliado em benefício dos usuários com a disputa pelas concessionárias.
"A iniciativa viabilizará as obras necessárias para o desenvolvimento
socioeconômico do Estado, melhorando as condições de trafegabilidade e
segurança dos usuários, consolidando o Paraná como a grande central logística
da América do Sul", afirmou.
"O Estado vai fazer dois roadshows apresentando os
editais para o setor nos próximos meses. É uma grande disputa, que vai atrair
investidores internacionais, e estamos dispostos a apresentar todos os
detalhes", disse o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.
CURVA DE APORTE – O Governo do Paraná, por meio da
Secretaria de Infraestrutura e Logística e do Departamento de Estradas de
Rodagem, apresentou o modelo construído exclusivamente para o Estado (sem
outorga e com disputa livre na tarifa) ao novo Ministério dos Transportes em
janeiro, visando a implementação célere do programa. O Paraná sugeriu alguns
ajustes, como flexibilização do cálculo de aporte.
A principal novidade em relação ao projeto de 2021 é
justamente a alteração no cálculo de aporte. Enquanto na modelagem anterior o
valor correspondente iniciava com 1% de desconto, agora o aporte começa a
partir dos 18%, com o valor de R$ 100 milhões aportados a cada ponto percentual
de desconto até os 23%. Entre 23% e 30% de desconto, o desconto adicional
deverá ser de R$ 120 milhões a cada ponto, que passará a ser de R$ 140 milhões
para descontos acima de 30%, sempre de forma cumulativa.
Com esse novo cálculo, que já era defendido pelo Estado, o
valor exigido de aporte é menor, proporcionando mais competitividade e
possibilitando a participação de mais empresas interessadas, o que tende a
ampliar os descontos oferecidos.
"É o melhor modelo possível para o momento e nós
fizemos esse trabalho conjuntamente entre o governo federal, Governo do Estado
e os setores produtivos, ouvindo a todos, o que garante o melhor modelo para o
Paraná e para o Brasil", acrescentou o ministro dos Transportes, Renan
Filho.
LOTES – O Lote 1 vai incluir o Contorno Norte de Curitiba
(PR-418), o Contorno Sul de Curitiba até o Trevo do Tatuquara (BR-277), a
ligação entre Curitiba e Araucária (BR-476), a ligação entre Araucária e Campo
Largo (PR-423) e entre Araucária e a Lapa (BR-476), a rodovia entre a Lapa e a
BR-277 (PR-427), a rodovia entre Curitiba e o Trevo do Relógio, perto de
Guarapuava (BR-277), e a BR-373 entre Ponta Grossa e o Trevo do Relógio.
Entre as obras previstas para o Lote 1, estão a duplicação
da BR-277 entre São Luiz do Purunã e o Trevo do Relógio; duplicação da BR-373
entre Ponta Grossa e o Trevo do Relógio; duplicação da Rodovia do Xisto entre
Araucária e a Lapa; duplicação da PR-423 entre Araucária e Campo Largo;
duplicação do Contorno Norte de Curitiba; faixas adicionais na BR-277, entre
Curitiba e o entroncamento da BR-277 com a BR-376, além de faixas adicionais e
vias marginais no Contorno Sul de Curitiba.
O Lote 2 contempla a ligação entre Curitiba e Porto de
Paranaguá (BR-277), entre a BR-277 e Matinhos (PR-508) e Pontal do Paraná
(PR-407), e também entre as ligações da rodovia federal com Morretes e Antonina
(PR-408 e PR-410). Os Campos Gerais e o Norte Pioneiro também estão incluídos
no pacote, com a ligação entre Ponta Grossa e Sengés (BR-373, PR-151 e PR-239),
entre Jaguariaíva e a divisa com São Paulo, próximo a Jacarezinho (PR-092 e
BR-153), e dessa divisa até Cornélio Procópio (BR-369 e PR-855).
Na região do Litoral, o Lote 2 prevê faixas adicionais na
BR-277 entre Curitiba e Paranaguá; correção de traçado do km 40 ao km 43 da
BR-277; duplicação da BR-277 entre o viaduto da Avenida Ayrton Senna e a ponte
sobre o Rio Emboguaçu; e duplicação da PR-407 entre Paranaguá e Pontal do
Paraná.
Nos Campos Gerais e no Norte Pioneiro, também no Lote 2, as
principais intervenções serão a duplicação da PR-092 entre Jaguariaíva e Santo
Antônio da Platina; duplicação da PR-151 e PR-239 entre Piraí do Sul e a divisa
com São Paulo; duplicação da BR-153 entre Santo Antônio da Platina e Ourinhos;
e duplicação da BR-369 entre Ourinhos e Cornélio Procópio.
Os investimentos devem alcançar R$ 7,9 bilhões no Lote 1 e
R$ 10,77 bilhões no Lote 2. O Lote 1 terá cinco praças de pedágio, sendo elas
em São Luiz do Purunã (BR-277), Lapa (BR-476), Porto Amazonas (BR-277),
Imbituva (BR-373) e Irati (BR-277). O Lote 2 terá sete praças de pedágio, sendo
elas em São José dos Pinhais (BR-277), Carambeí (PR-151), Jaguariaíva (PR-151),
Sengés (PR-151), Quatiguá (PR-092) e duas em Jacarezinho (BR-153 e BR-369).
Os outros quatro lotes do modelo de concessão estão em
análise na ANTT, para posterior submissão e aprovação do Tribunal de Contas da
União (TCU). No total, somando os seis lotes de concessão, o investimento
previsto em infraestrutura e logística no Paraná deve ultrapassar os R$ 50
bilhões. Confira as rodovias englobadas em cada lote:
Lote 3: trechos das rodovias BR-369, BR-376, PR-090, PR-170,
PR-323 e PR-445, com extensão total de 561,97 km.
Lote 4: trechos das rodovias BR-272, BR-369, BR-376, PR-182,
PR-272, PR-317, PR-323, PR-444, PR-862, PR-897 e PR-986, com extensão total de
627,98 km.
Lote 5: trechos das rodovias BR-158, BR-163, BR-369, BR-467
e PR-317, com extensão total de 429,85 km.
Lote 6: trechos das rodovias BR-163, BR-277, R-158, PR-180,
PR-182, PR-280 e PR-483, com extensão total de 662,18 km.
PROGRAMA DE CONCESSÕES – O novo programa de concessões prevê
milhares de quilômetros de duplicações (cerca de 1,8 mil km), terceiras faixas,
faixas adicionais e vias marginais, além de contornos, interseções em nível,
viadutos, trincheiras, pontes, ciclovias, passarelas, acostamentos, correções
de traçado e áreas de escape, entre outros, executados já nos primeiros anos de
contrato (entre o 3º e 9º anos), e também serviços de conservação das rodovias
e faixa de domínio ao longo dos 30 anos de duração dos contratos.
A delegação das rodovias estaduais à União é possível graças
à lei estadual 20.668/2011, que autoriza o Poder Executivo a delegar rodovias
estaduais e prevê que o governo federal pode explorar a via por meio de
concessão. A medida segue modelo inverso ao das concessões utilizadas no antigo
Anel de Integração, quando o governo federal delegou suas rodovias ao Governo
do Paraná para licitação dos lotes.
A estratégia de incluir novos trechos de estradas sob a
responsabilidade do Estado no pacote visa gerar mais competitividade para
trechos que, sozinhos, não atrairiam tantas empresas. Uma concessão conjunta
facilita a atração de investidores para essas rodovias, que têm fluxo menor do
que as federais. As rodovias estaduais concentrarão cerca de 60% dos
investimentos dos contratos, ou seja, terão padrão internacional de qualidade e
segurança.
São rodovias com histórico de acidentes e, apesar do
crescimento das cidades e dos negócios que as envolvem, continuam a demandar
recursos com manutenção e modernização. Além da segurança e do trânsito, estão
previstas melhorias na iluminação com sistema em LED, oferta de sinal wi-fi em
todos os trechos das estradas, câmeras de monitoramento, descontos para usuário
frequente e operação de manutenção constante nas vias.
PRESENÇAS – Participaram do evento o chefe da Casa Civil do
governo federal, Rui Costa; o presidente da Federação das Indústrias do Estado
do Paraná, Carlos Valter Martins Pedro; o presidente do Movimento Pró-Paraná,
Marcos Domakoski; o presidente da Federação das Associações Comerciais e
Empresariais do Paraná, Fernando Moraes; e o presidente do Sistema Ocepar, José
Roberto Ricken.
Com Inf: AEN | Foto: Ricardo Stuckert/PR
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