Em média, Lula recebe mais de três visitas por dia na prisão
- 18/11/2018
Uma reportagem da edição deste
domingo do jornal O Estado de S. Paulo dá uma dimensão do longo caminho que o
Brasil precisa percorrer para se tornar um país onde os rigores da lei sejam
para todos, e não apenas para os três Ps (pobres, pretos e p...).
Em seis meses de prisão, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nada menos que 572 visitas
(mais de três por dia) em sua cela especial na Polícia Federal em Curitiba, a
maioria feita por advogados com procuração para defendê-lo, entre eles
políticos como o candidato derrotado do PT à Presidência, Fernando Haddad -
que, embora seja advogado, não atua nos processos contra o ex-presidente.
A nomeação de políticos aliados
como defensores permitiu ao ex-presidente comandar o PT e a campanha de Haddad
da prisão - onde cumpre pena de 12 anos e um mês desde o dia 7 de abril. A
presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o tesoureiro Emídio de Souza, o
deputado Wadih Damous e os ex-deputados Luiz Eduardo Greenhalgh e Luiz
Sigmaringa Seixas também receberam procurações. Isso possibilitou visitas a
Lula de segunda a sexta - direito previsto em lei para defensores de presos, mas
não para tratar de política.
O período de maior movimento na
cela de Lula é formado pelos dias que antecederam e sucederam a cassação de sua
candidatura pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Haddad visitou Lula nos
dias 27 e 30 de agosto. Na semana seguinte (3 de setembro), a cela - de cerca
de 15 metros quadrados - ficou pequena para a maior reunião realizada por Lula
com 10 pessoas, entre elas mais uma vez Haddad, que seria oficializado candidato
na semana seguinte. Na véspera e no dia do registro, 11 de setembro, Haddad e
Lula tiveram quatro encontros que duraram, ao todo, cerca de dez horas.
Haddad fez 21 visitas entre 17 de
maio e 8 de outubro, um dia depois da votação em primeiro turno - foram cerca
de 400 horas de conversas, segundo os registros da PF. No dia 9, a presidente
do PT anunciou que Lula teria mandado um recado: "Manda o Haddad fazer
campanha, não precisa vir mais aqui". E assim foi feito.
Revezamento
Além dos políticos, 21 advogados
- defensores que atuam nas áreas criminal, cível e eleitoral - se revezaram nas
visitas diárias. Os mais presentes foram os paranaenses Manoel Caetano Ferreira
e Luiz Carlos da Rocha, com mais de 100 visitas cada. O criminalista Cristiano
Zanin Martins, dos processos da Lava Jato, fez pelo menos 31 visitas no
período.
A banca constituída por Lula
inclui ainda o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda
Pertence (três visitas), o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão (11), José
Roberto Batochio (sete) e Roberto Teixeira (quatro).
Visitas "sociais"
Em seis meses de prisão, Lula
recebeu 54 visitas "sociais", entre elas as da ex-presidente Dilma
Rousseff (duas), Jaques Wagner (três) e de celebridades como Chico Buarque,
Martinho da Vila e o ator e ativista americano Denny Glover.
Os registros da PF mostram que o
ex-presidente recebeu 116 visitas da família, a maioria dos filhos, sempre às
quintas-feiras - os demais presos da carceragem da PF recebem familiares e
amigos às quartas.
Na prisão, o ex-presidente petista também teve o direito de receber visitas "religiosas" às segundas-feiras, num total de 17. O mais assíduo é o pai de santo Antonio Caetano de Paula Júnior, o Caetano de Oxóssi (três visitas), da Cabana Pai Tobias de Guiné, conhecida como Terreiro Tulap.
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