Internet sem qualidade coloca a agricultura digital em xeque
- 05/10/2018
A evolução tecnológica tem feito
florescer entusiasmo no meio rural com a chegada da chamada agricultura
digital. Palavras como Big Data, agricultura de precisão, internet das coisas,
sites, aplicativos, conectividade e uma enxurradas de outros conceitos passaram
a fazer parte da rotina de agricultores e pecuaristas ao redor do mundo,
conforme reportagem especial do Boletim Informativo do Sistema Faep.
A situação, no entanto, acende
uma discussão que é uma máxima no Brasil e em diversos outros países que têm na
agricultura um motor do desenvolvimento. Com a produção de alimentos em locais
distantes dos centros urbanos, como fazer a web alcançar as lavouras e, ainda,
com velocidade compatível às novas tecnologias?
Uma prova de como a chegada da
agricultura digital muda a vida no campo vem da propriedade da família de
Eliezer Cherpinski, em Cafelândia, na Oeste paranaense. O produtor rural tem um
aviário que aloja 16,5 mil frangos por lote e também dois tanques de peixes,
com capacidade para 53 mil animais. Cada uma dessas estruturas conta com
tecnologia "embarcada" que converteu a forma do produtor enxergar sua
atividade. "Tenho vários dispositivos que facilitam o manejo da granja e
dos tanques, como controles via WiFi, timers digitais, sensores de temperatura
e umidade. Meu sonho é colocar um controlador de oxigênio na água para os
peixes. Inclusive já estou com alguns projetos para viabilizar isso",
conta o produtor.
"Minha internet fez oito anos agora em
agosto. Lembro exatamente porque foi uma semana depois de ter nascido o meu
filho. Ela funciona via rádio, com uma antena que capta o sinal da cidade por
meio de uma torre maior instalada em uma comunidade a seis quilômetros em linha
reta da minha residência. O sinal sai da cidade, vem até essa torre e depois é
captado por uma antena aqui na minha casa. Comecei com 512 KB de velocidade,
depois passei para 1 mega, 2 mega e hoje tenho uma velocidade de 8 mega disponível",
compartilhaou Cherpinski.
Mas ele pode se considerar um
privilegiado entre os agricultores do Paraná e do Brasil, pois o acesso à
internet é algo ainda indisponível para muitos deles. Levantamento recente
revela que o acesso à internet no Sul do Brasil já chegou a 74%e nas áreas
urbanas, mas ainda é de apenas 26% nas áreas rurais. E se até mesmo nas cidades
essa importante ferramenta apresenta deficiências, imagina no campo?
Retrato preocupante
O principal setor da economia
brasileira, o agronegócio, responsável por 23,5% de contribuição para o PIB em
2017, está distante de contar com uma conexão de internet banda larga de
qualidade. O sinal da internet no campo é regular para 40%, ruim para 38,46%,
inexistente para 9,23%, boa para 7,29% e ótima para apenas 4,62% dos
agricultores consultados pela Art Presse, uma agência paulista de relações
públicas, por encomenda do Canal Rural.
Para 84,42% dos consultados, a
conexão falha ou inexistente atrapalha diretamente o agronegócio, na medida que
não conseguem, comunicar-se adequadamente com seus clientes e fornecedores,
obter informações de meteorologia, chamar segurança, monitorar plantações e
gado, ofertar seus produtos por site ou apps e utilizar máquinas de
débito/crédito.
O principal tipo de conexão no
campo vem de provedores de acesso de internet via rádio (28,57%) seguido da
rede 3G oferecida pelas operadoras móveis (22,08%), banda larga via satélite
(16,88%), banda larga fixa (6,49%), rede móvel 4G (3,9%), GPRS (2,6%); 15,58%
dos respondentes disseram não possuir nenhum tipo de conexão.
Os principais provedores apontados pelos gestores do agronegócio são Vivo (32,3%), HughesNet (16,9%), TIM e Claro (7,7% cada) e Oi (6,2%). Os outros 29,2% utilizam provedores regionais.
Alerta Paraná
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