Preço em alta da gasolina leva o consumidor a migrar para o álcool
- 21/09/2018
O consumo de etanol nas bombas
dos postos de combustíveis do Estado de São Paulo alcançou, pela primeira vez,
neste mês de setembro a mesma proporção da gasolina. Segundo o presidente do
Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo
(Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, 50% das vendas foram de etanol e 50%
de gasolina. Até hoje, o que se verificava era um escoamento médio de 60% de
gasolina.
O empresário informou que essa
migração já vem ocorrendo desde “a greve dos caminhoneiros, em maio último {que
levou ao desabastecimento} em paralelo com as subidas constantes da gasolina”.
Ele informou que o consumo mensal nas cidades paulistas atinge 180 bilhões de
litros somando a gasolina, o álcool e o diesel. E sempre que o valor do litro
de álcool equivale a 70% do preço da gasolina, abastecer com o derivado da cana
fica mais competitivo. O litro de gasolina está custando em média R$ 4,57 em
São Paulo, enquanto o de etanol vale R$ 2,74 - 59% mais barato.
Na avaliação da pesquisadora da
Fundação Getulio Vargas em Energia, Fernanda Delgado , a greve dos
caminhoneiros continuará ainda por algum tempo “reverberando na economia do
país”. Ela, no entanto, pondera que o grande impacto sobre o preço da gasolina,
que já subiu 15% desde maio último, está associado mais à pressão das cotações
no mercado internacional. O valor do barril de petróleo, passou, nesse período,
de US$ 65 para US$ 75. A tendência, pontuou a pesquisadora, é de alta no mundo
todo.
Delgado defende que o Brasil
poderia ser menos dependente dessa política de preços internacionais caso
houvesse a quebra do monopólio da Petrobras,
que detêm 98% do refino dos derivados de petróleo. A questão, porém,
explica, esbarra em criar um sistema que possa atrair os investidores.
Oferta de álcool
Em relação à vantagem competitiva
de se abastecer o carro com álcool, a pesquisadora da FGV Energia disse que
esse quadro é favorecido pela perspectiva de uma boa oferta do etanol no mercado. Mas ela alerta sobre a possibilidade
de uma mudança no mix de produção, caso
ocorra uma sinalização de alta dos preços do açúcar no mercado internacional.
Isso poderia levar as usinas a destinarem uma maior parte da safra para essa
commodity.
Já o diretor técnico da Unica,
entidade que congrega as usinas sucroalcooleiras da região Centro Sul, Antonio
de Padua Rodrigues, descartou, nesta quinta-feira o risco de um desequilíbrio
de preços do etanol em função da demanda mais aquecida. Ele informou que o
setor está em plena safra e com estimativa de recorde na produção, podendo
chegar a 32 bilhões de litros e um crescimento na oferta entre 4 a 5 bilhões de
litros.
Pádua reconhece, contudo, que
algum ajuste de preço pode até ocorrer, mas se isto se confirmar será em margem
bem pequena diante da boa oferta. “Nossa expectativa é que a distribuição para
os postos passe da média de 1,8 bilhões de litros para 2 bilhões de litros”,
afirmou, referindo-se ao próximo anúncio da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Fazendo uma análise sobre a vantagem
competitiva do álcool sobre a gasolina, Pádua observou que enquanto o derivado
da cana vem se mantendo com preço estável pela boa safra que deve crescer em
torno de 15%, a gasolina está sujeita às variações impostas tanto pelos fatores
externos quanto pela pressão cambial. Nos últimos dias, a moeda norte-americana
tem oscilado acima dos R$ 4,00 e fechou nesta quinta-feira em R$ 4,07 um recuo
de 1,27% sobre a cotação de ontem (19).
No último dia 5 de setembro, o
preço da gasolina nas refinarias havia alcançado R$ 2,2069, no maior valor
desde junho do ano passado, quando a Petrobras mudou a política de preços e
passou a acompanhar as oscilações do preço da commodity no mercado externo.
Agência Brasil
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