Em Curitiba, general vice de Bolsonaro sugere nova Constituição, mas sem voto popular
- 14/09/2018
Candidato a vice de Bolsonaro, o
general Hamilton Mourão (PRTB) defendeu nesta quinta-feira (13) que o país faça
uma nova Constituição, mais enxuta e focada em "princípios e valores
imutáveis", mas não necessariamente por meio de uma Assembleia Constituinte.
Para ele, o processo ideal
envolveria uma comissão de notáveis, que depois submeteria o texto a um
plebiscito.
"Essa é a minha visão, a
minha opinião", disse, destacando que essa não é a proposta da
candidatura, nem de Bolsonaro. "Uma Constituição não precisa ser feita por
eleitos pelo povo", afirmou.
Mourão, que deu uma palestra a
empresários em Curitiba, defendeu que a proposta não é antidemocrática, e disse
que já houve constituições no Brasil que vigoraram sem terem passado pelo
Congresso.
"Não em ditadura, em período
democrático. A Constituição de 1946, lembra como ela foi feita", afirmou.
De acordo com o
constitucionalista Luiz Guilherme Arcaro Conci, professor da PUC-SP, porém, a
Carta de 1946, a que se referiu o candidato, foi, sim, feita pelo Congresso. Os
textos que não passaram por representantes eleitos pela população foram os de
1824, 1937 e 1969, que não coincidem com regimes democráticos no Brasil.
Para Mourão, a atual
Constituição, de 1988, deu início à crise pela qual passa o país.
"Tudo virou matéria
constitucional. A partir dela, surgiram inúmeras despesas. A conta está
chegando, está caindo no nosso colo. Chegou o momento em que temos que tomar
uma decisão a respeito", afirmou.
Mourão, porém, reconheceu que a
edição de uma nova Constituição é algo "muito difícil de se
conseguir" nesse momento no Brasil.
O general ainda rechaçou a
possibilidade de intervenção militar no Brasil e disse que a democracia precisa
ser "afirmada como um valor fundamental do nosso país".
"Por pior que seja esse
sistema, ele ainda é o melhor de todos", declarou.
FOLHAPRESS
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