Procuradoria denuncia Cida e Richa por abuso de poder e promoção pessoal
- 28/08/2018
A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná apresentou
denúncia à Justiça contra o ex-governador e candidato ao Senado, Beto Richa
(PSDB) e a governadora e candidata à reeleição, Cida Borghetti (PP), pelo abuso
de poder econômico e promoção pessoal com fins eleitorais. Segundo a
procuradora Eloisa Helena Machado, Cida teria utilizado diversos eventos de
liberação de recursos do Estado para municípios para ajudar Richa a “fazer
publicidade de obras realizadas como sendo de sua responsabilidade, como se
governador ainda fosse”. A ação também cita o prefeito de Curitiba, Rafael
Greca (PMN) e a prefeita de Fernandes Pinheiro, Cleonice Schuck, por terem
participado dos atos em benefício de Richa. Na ação, a procuradora pede à
Justiça a cassação do registro da candidatura ou de seu diploma” de Cida e
Richa, e a inelegibilidade dos dois por oito anos.
“Extrai-se dos documentos carreados no procedimento em anexo
que a atual Governadora do Estado do Paraná, Maria Aparecida Borghetti, por
diversas vezes, se utilizou indevidamente de seu munus público em benefício do
ora candidato ao cargo de senador, Carlos Alberto Richa, ao promover constantes
participações do investigado em eventos do governo, fazendo crer, em sua
maioria, que Carlos Alberto Richa ainda interferiria nos atos de gestão,
quando, em verdade, este já havia se desincompatibilizado para as eleições de
2018”, diz a procuradora. “Com tal conduta, além de realizar a promoção pessoal
de Carlos Alberto Richa, visando ao cargo de senador ora disputado, a
investigada buscou se beneficiar com o prestígio conquistado pelo candidato
durante sua gestão, em vista da sua atual reeleição”, afirma. (Veja a íntegra
da denúncia)
No documento, Eloisa Machado cita dez eventos oficias em que
Richa teria participado ao lado da governadora e aliados, para supostamente
promover sua pré-candidatura ao Senado. Entre eles está a liberação de recursos
para prefeitura de Castro para a construção de quadras poliesportivas, em 18 de
maio último. Na ação, a procuradora cita publicações feitas por Richa e Cida no
facebook, que segundo ela, “demonstram com clareza que a então governadora do
Estado permitiu que o ora investigado atuasse no referido ato público como se
ainda estivesse no governo, vez que, neste caso, Carlos Alberto Richa, além de
comparecer ao evento, apareceu palestrando e segurando documento público como
sendo o responsável pelo benefício concedido”.
Também são citados o repasse de R$ 20 milhões para as
prefeituras de Pitanga, Jacarezinho e Tibagi, no dia 30 de maio. “Neste caso, o
investigado aparece assinando documento que disponibiliza a citada verba
pública, fazendo crer erroneamente que teria alguma interferência nos valores
concedidos, quando, em verdade, já havia se desincompatibilizado para as
eleições de 2018, não possuindo (ou, ao menos, não devendo possuir) qualquer
influência nos atos do governo”, diz a procuradora.
Relata ainda a liberação de recursos para Prudentópolis, em
1 de junho “onde mais uma vez o investigado Carlos Alberto Richa, com total
anuência e apoio da atual governadora do Estado
do Paraná, Maria Aparecida Borghetti, compareceu com a precípua
finalidade de realizar campanha eleitoral em benefício de uma futura
candidatura ao cargo de senador, ora disputado pelo investigado”. E em 25 de
junho, evento a participação de Richa na assinatura de aditivo ao protocolo de
intenções da indústria Sumitomo, para investimentos no Estado. “Neste ato, o
investigado aparece sentado ao lado da governadora em uma mesa de reunião, o
que demonstra nitidamente que Carlos Alberto Richa não apenas compareceu ao
evento, como figurou em posição de destaque como se ainda interferisse nos atos
públicos. Ao assim agir, acabou a governadora por abusar dos poderes a si
conferidos pelo cargo que ocupa, em completo desvio de finalidade, para o fim
de beneficiar o ora candidato ao senado, Carlos Alberto Richa”, alega a autora
da ação.
A procuradora diz ainda que apesar de não ser proibida a
participação de candidato em eventos públicos nos três meses que antecedem a
eleição, “o que se vislumbrou não foi o simples comparecimento do investigado
nos atos de governo, mas sim sua participação de forma efetiva e em posição de
destaque, uma vez que apareceu em diversas imagens assinando documentos
públicos, entregando cheques em nome do governo e fazendo discursos como responsável
pelos atos praticados”.
Outro lado
A assessoria da governadora Cida Borghetti afirma que tomou
conhecimento pela imprensa do ajuizamento de ação pelo Ministério Público na
qual afirma que a participação do ex-governador do Paraná em alguns eventos e
solenidades seria irregular. "Não houve da parte da governadora Cida
Borghetti qualquer atuação em benefício da candidatura do ex-governador. À
época, ambos não eram sequer candidatos. A presença em eventos pontuais e
públicos não teve finalidade eleitoral. Os devidos esclarecimentos serão
prestados após a notificação, visando demonstrar a improcedência da ação",
afirma em nota.
Beto Richa, também em nota, afirma que "a ação não tem
cabimento, pois eram eventos públicos nos quais o ex-governador Beto Richa foi
convidado e neles não praticou qualquer ato administrativo".
A assessoria de Rafael Greca informou que o prefeito "não foi notificado do pedido do Ministério Público". "Entende que não foi cometido nenhum ato irregular e pretende apresentar sua defesa, após analisar o teor das acusações", diz a nota.
Bem Paraná
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