Temer faz aceno aos militares: Presidente nomeia general para pasta da Defesa
- 27/02/2018
Nunca em quase 30 anos de
redemocratização os militares tiveram tanto protagonismo como agora. Primeiro,
foi a nomeação de um general como interventor federal na área de segurança no
Rio de Janeiro. Nesta segunda-feira, ao efetivar a criação do Ministério de Segurança Pública, o presidente Michel Temer(MDB) fez mais um
movimento no tabuleiro político para fortalecer as Forças Armadas, o que deve
interferir na iminente sucessão no comando do Exército. Com o deslocamento de
Raul Jungmann para a nova pasta, a vaga na Defesa ficou com o general Joaquim
Silva e Luna.
Se a intervenção federal é lida como uma tentativa do
presidente de elevar o seu prestígio junto ao eleitorado mais conservador e lançar a sua candidatura para a reeleição neste ano, segundo
afirmam aliados e opositores, a aliança de Temer com os militares vem
sendo cultivada há mais tempo. Desde que assumiu a presidência da República, em
maio 2016, Temer, com velhas ligações com a área de segurança - ele foi
secretário da área em São Paulo no anos 80, tem buscado essa proximidade. Nos
últimos dois anos, o emedebista participou de ao menos dez encontros com
comandantes das Forças Armadas. Neste ano, essa aproximação se intensificou. Só
nos dois primeiros meses de 2018, foram quatro reuniões oficiais, conforme
consta de sua agenda pública divulgada pelo Palácio do Planalto. Na semana
passada, pela primeira vez desde a redemocratização, um presidente visitou o
Ministério da Defesa.
Toda essa costura acontece às vésperas da mudança de comando no
Exército, a força com maior contingente - 215 mil pessoas. No próximo mês, o
atual comandante da força terrestre, o general Eduardo Villas Bôas, entrará
para a reserva – ou seja, ele se aposentará. Dois de seus possíveis sucessores,
no entanto, ocupam cargos chaves para a gestão federal e, possivelmente, não
deixarão suas cadeiras vazias. O general Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança
Institucional, era um dos favoritos para substituir Villas Bôas. Etchegoyen tem cada vez mais prestígio com o presidente -
ultimamente tem sido requisitado quase todos os finais de semana para
participar de encontros reservados com Temer - e é da ala que defende o papel
ativo dos militares na segurança pública se preciso. O outro cotado é
justamente o novo ministro da Defesa, general Luna. Ele já foi chefe do Estado
maior do Exército (o número dois da corporação) e, até domingo passado, era o
secretário-executivo da pasta que agora comanda.O próprio general Villas Bôas,
ativo no debate da intervenção e dono de uma conta no Twitter com 80.000
seguidores, tem papel relevante em sua sucessão. Acometido com uma doença
degenerativa que interfere em sua locomoção, o general não ouviu as sugestões
para se afastar das funções. Decidiu ficar no cargo até este março, quando
quatro de seus potenciais sucessores já terão entrado para a reserva. Villas
Bôas quis evitar que militares com visões distintas da dele assumissem a
função. Dessa forma, ele impediu que chegassem ao topo da carreira os generais
Hamilton Mourão (um defensor da intervenção militar no país), João Camilo Pires
de Campos, Juarez Aparecido de Paula e Theophilo Gaspar de Oliveira. Dado esse
quadro, ventila-se que o favorito para comandar a tropa é Fernando Azevedo e
Silva, ex-autoridade pública olímpica e chefe do Estado-Maior.
Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874
0 Comentários