Frota protocola pedido de impeachment contra Bolsonaro

  • 17/03/2020

O pedido de impeachment que o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) pretende entregar nesta terça-feira, 17, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai alegar que o mandatário cometeu crimes contra a saúde pública ao ignorar a orientação de ficar em isolamento enquanto refazer testes para o coronavírus e cumprimentar seus apoiadores durante a manifestação pró-governo, domingo, em Brasília.

Frota afirmou ao Estado que o pedido vai citar o 268 do Código Penal, que criminaliza aquele que desobedece determinação “do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”.

O presidente – que diz ter recebido resultado negativo para coronavírus – havia recebido a recomendação de permanecer em isolamento até quarta-feira, dia 18, quando completam sete dias de seu último contato com o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, que está infectado. Segundo informou o Estado, ele deve passar por um novo teste porque, de acordo com a OMS, o vírus fica incubado por 14 dias.

Além disso, o presidente havia feito uma live na quinta-feira, dia 12, ao lado de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta em que ambos usaram máscaras e recomendaram que atos de domingo fossem adiados.

O pedido de Frota também vai alegar que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade – artigo 85 da Constituição Federal –, e atentou contra os poderes Legislativo e Judiciário ao convocar apoiadores para os protestos. A peça também vai citar o artigo 37 da Carta, para argumentar que o mandatário atentou contra a o princípio da impessoalidade da administração pública ao mandar cancelar as assinaturas do jornal Folha de S.Paulo no governo federal.

Frota afirmou que avisou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre seu pedido, que ele disse ter sido redigido por advogados especialistas de diferentes escritórios, sendo dois de São Paulo, um de Brasília e um do Rio de Janeiro. “Juridicamente está muito bem amarrado”, escreveu ao Estado.

Procurado, Maia não quis se manifestar. Em entrevista ao Valor, Maia deu a entender que o Congresso não deve se envolver com a iniciativa de um impeachment. O deputado disse ainda que tem a impressão que o próprio Bolsonaro está trabalhando para esticar a corda da tolerância rumo a um impedimento.

“Nós já temos muitos problemas no Brasil para a Câmara ou o Senado serem responsáveis pelo aprofundamento da crise. Nós não seremos responsáveis por isso. Às vezes, me dá a impressão que o governo quer isso. Nós não seremos responsáveis por isso. Todos nós fomos eleitos. O presidente teve 57 milhões de votos, os deputados tiveram 100 milhões de votos”, afirmou.

Com inf, Estadão Conteúdo | Foto: Cristiano Mariz

Ficou sabendo de algo? Envie sua notícia no WhatsApp Xeretando (45)99824-7874

0 Comentários



Deixe seu comentário

* Seu comentário passará por uma avaliação antes de ser postado no site.
* Para que seja vinculada uma imagem sua no comentário é necessário cadastro no GRAVATAR